FONTE: JOHANNA NUBLAT, DE BRASÍLIA (www1.folha.uol.com.br).
Entidades que reúnem médicos e farmacêuticos criticaram a decisão da Anvisa, nesta semana, que permitiu a volta dos remédios isentos de prescrição para as gôndolas.
Desde 2010, por decisão da própria agência, medicamentos vendidos sem receita, como antitérmicos e analgésicos, tinham de permanecer atrás do balcão.
Depois de pressão da indústria, de responder a mais de 70 ações judiciais e de ver sua norma esvaziada por 11 leis estaduais, a agência voltou atrás.
"Eles não têm embasamento técnico. É uma medida inconsequente, que não ouviu as entidades médicas e dos farmacêuticos", diz Roberto d'Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina.
D'Ávila não descarta entrar com um processo contra a Anvisa caso o assunto não avance por meio de diálogo.
Para o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge João, "ser isento de prescrição não significa ser isento de riscos". A orientação do farmacêutico, diz, evita a banalização do uso do remédio e as intoxicações.
Para Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, a norma em vigor até esta semana acabou deixando o consumidor em desvantagem, ao tirar a chance de comparar preços e marcas.
"A disponibilidade do produto na farmácia ficou condicionada à questão comercial. Os laboratórios estavam decidindo, junto com a farmácia, o produto que iam ter. A farmácia só mantinha em estoque o que oferecesse o maior lucro, o que, para o balconista, gerava o maior ganho de comissão."
Segundo ele, um estudo feito não demonstrou uma redução nos casos de intoxicação.
Entidades que reúnem farmácias e a indústria elogiaram a mudança. "Esse tipo de medicamento é uma escolha do indivíduo", diz Aurélio Saez, relações institucionais da Abimip (que reúne a indústria dessa classe de remédio).
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