FONTE: GIULIANA MIRANDA, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
A agência que regula os medicamentos na França confirmou que liga a morte de quatro mulheres no país diretamente ao uso Diane 35, um remédio para a acne amplamente receitado como contraceptivo.
A revelação foi feita após o jornal "Le Figaro" ter acesso a um relatório confidencial do órgão francês sobre complicações do medicamento. As mortes teriam sido causadas por trombose venosa profunda, mas há relatos de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e outros problemas.
Segundo o documento, nos últimos 25 anos, 125 mulheres tiveram complicações que puseram suas vidas em risco devido ao uso do Diane 35 ou de seus genéricos.
Depois das revelações, a Ema (Agência Europeia de Medicamentos) decidiu abrir uma investigação sobre o remédio e as pílulas de nova geração, como Yaz e Yasmin.
A Anvisa afirmou que está atenta à situação e "analisa os desdobramentos do caso".
OUTRO LADO.
Em comunicado oficial, a Bayer afirmou que os especialistas da companhia primeiro precisam avaliar as alegações antes que possa tecer mais comentários.
A empresa diz que até o dia 27 (domingo), não havia sido comunicada oficialmente sobre o conteúdo do relatório da agência francesa mencionado nas matérias.
Além de dizer que os potenciais efeitos colaterais do produto estão contidos na bula, a Bayer destaca que o medicamento é aprovado na França para o tratamento de acne em mulheres, "não sendo indicado com um método de contraceptivo oral".
Comercializado em 116 países, o Diane 35 é aprovado na maioria deles como remédio contra a acne. Sua prescrição como anticoncepcional, porém, é amplamente difundida em todo o mundo.
Apresentação da cartela, inclusive, vem em formato idêntico ao da maioria dos anticoncepcionais, com 21 pequenos comprimidos.
No Brasil, a indicação na bula é para a acne, além de "alopecia androgênica; casos leves de hirsutismo síndrome de ovários policísticos".
Além de melhorar a pele, a combinação de acetato de ciproterona e etinilestradiol do Diane 35 também inibe a ovulação, explica Carlos Alberto Petta, professor de ginecologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"O uso como contraceptivo acontece principalmente em mulheres que querem melhorar a pele. O uso diminuiu um pouco com a chegada da drospirenona [Yaz e Yasmin, também da Bayer], que não causam tanto inchaço."
"Mas, como a ciproterona é muito mais barata, ela ainda é muito popular e utilizada", completa Petta.
Nos últimos anos, outros anticoncepcionais também entraram no radar das agências reguladora, especialmente a drospirenona, que foi relacionada a casos de trombose e embolia, causando inclusive algumas mortes.
Em setembro de 2011, após mais de dez horas de sessão, a agência reguladora dos EUA decidiu manter essas pílulas no mercado, com novos alertas na bula.
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