FONTE: Por Laura Tavares (minhavida.uol.com.br).
Ainda assim, maior parte dos pacientes se diz satisfeita.
Suar durante a prática de exercícios e em dias muito ensolarados é uma resposta automática - e esperada - do organismo para regular a temperatura do corpo. Algumas pessoas, entretanto, apresentam suor excessivo independente de estímulos externos, o que causa desconforto e constrangimento. Esses indivíduos são vítimas da chamada hiperidrose, doença que afeta cerca de 10% dos brasileiros, segundo um estudo inédito feita pelo Instituto Ipsos, que faz pesquisas de mercado, divulgada neste mês de fevereiro.
De acordo com o cirurgião torácico Antonio Vendrami Malucelli, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, por ser uma disfunção genética, a hiperidrose costuma ser mais comum entre membros de uma mesma família, mas, em qualquer caso, tem tratamento. "Há opções menos invasivas, como o uso de desodorantes antitranspirantes e medicamentos anticolinérgicos até aplicação de botox e cirurgias", explica.
Em geral, a cirurgia é recomendada para pacientes que não apresentaram melhora do quadro de hiperidrose com métodos menos invasivos. "Os tratamentos definitivos são cirúrgicos e buscam resolução definitiva do problema", afirma o cirurgião torácico Eduardo de Campos Werebe, retaguarda de cirurgia torácica do Hospital Albert Einstein.
A seguir, tire suas principais dúvidas sobre os procedimentos cirúrgicos:
Existe mais de um tipo de cirurgia?
"Os dois procedimentos cirúrgicos realizados para tratamento da hiperidrose são aspiração das glândulas sudoríparas e simpatectomia torácica ou cirurgia no nervo simpático", aponta o cirurgião torácico Antonio.
Como é a cirurgia de aspiração das glândulas sudoríparas?
A aspiração das glândulas sudoríparas só pode ser feita em pessoas que apresentam hiperidrose na região das axilas. "O procedimento deve ser realizado preferencialmente por um cirurgião e consiste, basicamente, na retirada das glândulas por meio de dois pequenos cortes na região das axilas", explica. Por meio das incisões, o especialista introduz uma cânula que faz movimentos de sucção. A cirurgia é feita com anestesia local, dura cerca de uma hora e o paciente pode voltar para casa no mesmo dia. As recomendações básicas para o pós cirúrgico são evitar levantar os braços por, no mínimo, 24 horas após a cirurgia e realizar atividades físicas nos cinco dias subsequentes.
Como a simpatectomia torácica é feita?
"A cirurgia no nervo simpático é realizada com equipamentos de vídeo e pequenas incisões no tórax para clipagem de nervos ou secção/ ressecação de seus segmentos, dependendo do local que o paciente apresenta suor excessivo", explica o cirurgião torácico Antonio, para tratar a hiperidrose quando ela ocorre na região acima da cintura (couro cabeludo, face, mãos e axilas), ou na região do abdômen quando ela ocorre na região abaixo da cintura (pés, virilhas, nádegas, coxas e canelas). A cirurgia requer uso de anestesia geral, dura cerca de 1 hora e o paciente pode voltar para casa em menos de 24 horas. Após a intervenção, recomenda-se não realizar qualquer esforço físico na primeira semana e cerca de 15 dias depois, o paciente já pode até praticar exercícios leves.
Qual a chance de sucesso?
Com a aspiração das glândulas sudoríparas, 40 a 50% dos pacientes apresentam melhora do quadro de suor e os efeitos são definitivos. "Já com a simpatectomia torácica, a chance de sucesso é por volta de 95%", afirma o cirurgião torácico Eduardo. Os pacientes que não se dizem satisfeitos com o procedimento são aqueles que viram pouca ou nenhuma melhora do quadro de hiperidrose ou ainda que sofreram a chamada hiperidrose compensatória (ver pergunta 5).
Quais os possíveis efeitos colaterais?
No caso da aspiração das glândulas sudoríparas, os principais efeitos colaterais estão relacionados a alterações da cicatriz e micronodulações na região das axilas. Na cirurgia do nervo simpático, pode ocorrer o aumento do suor em outras áreas do corpo, a chamada hiperidrose compensatória.
Um estudo publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia em 2009, apontou que 68 dos 80 pacientes (85%) submetidos à simpatectomia apresentaram hiperidrose compensatória no período pós-operatório. Mesmo assim, 70 participantes (87,5%) disseram estar satisfeitos. Segundo o cirurgião torácico Eduardo, os resultados dão a entender que a cirurgia é falha, mas ele explica que o efeito colateral de compensação do suor só é, de fato, grave em 5% dos pacientes. "A sudorese compensatória que ocorre em mais de 80% dos pacientes costuma ser muito menos incômoda do que a hiperidrose que os levou a buscar tratamento", explica.
Em caso de hiperidrose compensatória, a qual tratamento o paciente deve recorrer?
"Existem inúmeros tratamentos indicados para quem sofre de hiperidrose compensatória, mas o mais comum é a retirada dos clipes do nervo", explica o cirurgião torácico Antonio. Além disso, pode ser feito uso de medicamentos orais ou tópicos cuja administração passa a ser feita pelo próprio paciente com o tempo, de acordo com a avaliação de dias e situações em que ele sabe que irá suar mais ou menos.
Não havendo sucesso com um dos tipos de cirurgia pode ser recomendado ao paciente se submeter a outro tipo de cirurgia?
Segundo o cirurgião torácico Eduardo, uma nova cirurgia não é uma opção para pacientes com hiperidrose compensatória. Atualmente, submeter o paciente a um segundo tipo de cirurgia não é uma prática médica adotada, pois faltam estudos mais claros para entender a resposta do organismo aos dois tipos de cirurgia.
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