FONTE: *** Thaís Petroff (www2.uol.com.br).
"Essa divertida brincadeira de infância pode ser utilizada na vida adulta para ajudar a superar algumas situações difíceis ou até atravessar algum desafio". A premissa da terapia cognitivo-comportamental é a de que nossa percepção de situações e eventos influenciam nossas emoções e consequentemente nossos comportamentos.
Diante disso é nossa visão dos fatos que faz com que lidemos com os acontecimentos de uma forma ou outra. Seguindo essa linha de raciocínio, se modificarmos nossa maneira de enxergar os fatos, passaremos a ter comportamentos diferentes nesses momentos.
Para modificarmos nossas percepções existe todo um processo na TCC de identificar essas percepções (pensamentos automáticos), desafiá-los questionando sua validade e buscar visões mais adequadas e realistas. No entanto, há uma técnica que poderá agilizá-lo e torná-lo inclusive mais divertido.
Todos nós quando éramos crianças brincávamos em algum momento utilizando nossa imaginação, seja tendo um amigo imaginário, seja criando um cenário imaginário de algum jogo ou brincadeira como castelos, dragões, esconderijos, polícia e ladrão, etc...
Quando fazíamos isso, percebendo uma determinada situação de acordo com o que nos convinha naquele contexto, embarcávamos na história como sendo verdadeira para nós naquele momento e tínhamos comportamentos de acordo com o que era percebido. Chamávamos isso de "brincadeira de faz-de-conta".
Essa divertida brincadeira de infância pode ser utilizada na vida adulta para ajudar a superar algumas situações difíceis ou até atravessar algum desafio.
Técnica do "como se".
Nominamos essa técnica na TCC de "como se". A forma de utilizá-la é bastante parecida com o que já fazíamos quando crianças, mas adequando os contextos vividos à vida adulta. Vou demonstrar sua utilidade com alguns exemplos.
1º) Exemplo: Pode ser útil, dentro do andamento do processo terapêutico, aproveitar algum evento social que um paciente tímido tenha de comparecer e propô-lo que se imagine como alguém muito social e extrovertido. Ele pode inclusive se lembrar de alguém assim e buscar agir "como se" fosse essa pessoa.
2º) Exemplo: Se a pessoa tem dificuldade em dizer não e colocar limites, ela pode se imaginar como uma pessoa que tem facilidade em fazer isso (pode-se basear em alguém que ela conheça). É como se ela encarnasse um personagem. Ao introjetar esse comportamento imaginário no plano mental ela se fortalecerá e isso a ajudará a superar os obstáculos.
3º) Exemplo: Para quem gosta de jogos, basta perceber algumas situações como sendo vivenciadas em fases ou etapas a serem superadas e, como mum jogo, conquistar pontos a cada etapa vencida para, no final, cumprir uma determinada meta.
Isso poderá ser utilizado para chegar a próxima "etapa": uma posição melhor na empresa. Assim será necessário cumprir algumas tarefas (a cada etapa cumprida acumulam-se pontos que somados ajudam a passar para outra fase até conquistar o cargo). Esse jogo poderá ser utilizado no sentido de criar estratégias para lidar com colegas chatos ou invejosos ou ainda com um chefe muito cobrador.
A designer de jogos de vídeogame Jane McGonigal utilizou essa ideia para criar um jogo desse tipo, quando ficou adoentada. Isso lhe ajudou a superar aquele momento difícil. Quando fazia uma caminhada, mesmo sem vontade, contabilizava pontos a seu favor; quando precisava ficar em repouso, tendo vontade de retornar ao trabalho, fazia o mesmo. Ela computava cada esforço, cada atitude (principalmente as que lhe eram mais difíceis e penosas) como pontos a seu favor e foi percebendo como isso lhe fortalecia pouco a pouco.
Se pudermos perceber as situações de forma mais lúdica, isso nos ajudará muito a superar as dificuldades com menos sofrimento e mais resultados positivos.
Isso fortalece a nossa autoestima e também reforça nossas crenças positivas a nosso respeito. Tudo é uma questão de ponto de vista e de como escolhemos enxergar o contexto em que estamos.
Que tal testar o "como se" e ver o que acontece?
O que você tem a perder?
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