quinta-feira, 7 de março de 2013

MULHERES AINDA LUTAM POR DIREITOS...


FONTE: Alessandra Nascimento, TRIBUNA DA BAHIA.

Elas passaram por conquistas sociais no começo do século passado, como o direito ao voto, ao trabalho mais igualitário e o acesso ao estudo, atravessaram a revolução feminista e lutaram pelo uso da pílula anticoncepcional e do preservativo como formas de reorganização da família com redução do número de filhos.

Muita coisa mudou, mas ainda há muito mais o que mudar. A mulher do século XXI assume diferentes papéis em sociedade. Segundo a professora da Universidade Federal da Bahia, Ufba, e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, NEIM, Cecilia Sardenberg, vivemos numa sociedade diversificada, hierárquica e desigual.

“As mulheres estão situadas socialmente de forma desigual. Nas últimas quatro décadas as mulheres entraram maciçamente no mercado de trabalho. O fator renda se tornou de grande influência. No anos 70, de cada 100 mulheres acima de 10 anos, só 18 delas trabalhavam fora de casa. Hoje são mais de 50% a depender da região do país”, revela.

Cecilia cita uma curiosidade sobre Salvador: na capital baiana as mulheres entram mais cedo no mercado de trabalho. “Pelo menos 40% das famílias são chefiadas por mulheres, ao passo que a media nacional é 28%. Antes as mulheres se tornavam chefes de família por viuvez, agora vemos crescer a maternidade independente e o divorcio”, diz.

Sobre a questão salarial, Sardenberg traz à tona uma realidade amarga: a inserção no mercado de trabalho não se traduz em salários melhores.

“Esse ponto está associado à educação formal. Entre os anos 70 e 80 aumentou o número de instituições de ensino superior no país. As mulheres das regiões Sul e Sudeste foram as maiores beneficiadas. Agora com a política de cotas e a ampliação do sistema universitário percebemos a entrada de mais mulheres nas instituições. Atualmente existem mais mulheres formadas no ensino superior no país que os homens. Em medicina, na UFBA, 60% dos alunos que entram são mulheres”.

Entretanto, ela ressalta que há áreas da medicina como emergência, cirurgia e neurocirurgia que são lideradas por homens. “Em geral as mulheres que pensam em formar uma família não focam nessas especialidades por conta da alta carga que será exercida sobre elas após a formação”, explica.

Ela diz que as mulheres possuem dois anos a mais em média de educação formal em Salvador que os homens. “O racismo e o sexismo são as matrizes da opressão com desigualdades sociais que se intersectam. As mulheres negras são as mais vulneráveis e é preciso se formular políticas levando em conta essa vulnerabilidade”, explica.

Em relação às esferas decisórias de comando, as mulheres vêm ganhando espaço. A professora da Ufba lembra o resultado do último pleito eleitoral.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, o número de prefeitas na Bahia cresceu 36% em comparação com 2008, saltando de 47 para 64, percentual 5% maior que o do resto do Brasil. Na Assembleia Legislativa da Bahia são 10 mulheres, e cinco na Câmara de Vereadores de Salvador.

“Os partidos não respeitam as regras. A briga pelos espaços é grande. Vemos poucas mulheres nas forças armadas ocupando posição de comando. Nas empresas há poucas mulheres como CEOs. Agora temos uma presidenta, contudo a ordem patriarcal não foi abalada. Herdamos isso da colônia”, avalia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário