FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
A amamentação, para muitas mulheres, é uma etapa
indispensável da maternidade. É difícil não idealizar esse momento.
Mas, e quando a tarefa, que já não é das mais simples, requer
um esforçado redobrado? Esse é o caso de mulheres que amamentam gêmeos. Apesar
de parecer complicada, especialistas - e mães - garantem que a empreitada
não é impossível.
No caso de gestação gemelar, o corpo da mulher se prepara para dois
bebês de um modo geral. No que diz respeito à produção do leite materno,
também. Por isso, mães que optam por amamentar as crianças exclusivamente no
peito não correm o risco de
“ficar sem leite” e precisar recorrer às fórmulas infantis.
“Na verdade, uma mama é suficiente para amamentar até um
bebê. A mãe de gêmeos tem leite para alimentá-los exclusivamente no peito até
os seis meses, antes de introduzir outros alimentos na dieta. Até essa idade,
não precisa de complemento”, afirma Luciano Borges Santiago, presidente do
Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Ainda de acordo com o especialista,
o único cuidado que os pais devem tomar é em relação ao peso dos bebês. Esse é
o melhor parâmetro para saber se as crianças estão se alimentando direito.
“Nos primeiros 20 dias de vida, os pais têm que trocar no mínimo seis
fraldas de cada bebê. Eles precisam fazer bastante xixi e cocô. Se não tiver
essa troca mínima, as chances de eles não estarem bem alimentados são altas”,
pondera Luciano.
Truques.
Fernanda Aranda, mãe das gêmeas Clara e Olivia, de três meses, precisou
resistir às recomendações dos profissionais de saúde antes de amamentar as
filhas. O primeiro alerta que fizeram à jornalista, ainda na maternidade, foi o
de que amamentar gêmeos seria uma tarefa difícil demais para qualquer mulher.
Fernanda não se convenceu.
“Não é fácil, mas não é impossível. E para mim, as vantagens superam as
dificuldades. No começo, o bebê não tem nenhuma interação com a mãe. A
amamentação era o momento que eu tinha para interagir com minhas filhas. Eu
olhava para elas, conversava, explicava que estava me dedicando ao máximo,
apesar das dificuldades”, lembra Fernanda.
Ela se virou quase que por instinto, contando com o apoio da família e
do marido nos momentos complicados. Fernanda acredita que as maiores
dificuldades que as mães enfrentam são a falta de referências e o
desencorajamento coletivo por parte dos médicos e especialistas.
Mesmo com o cenário desfavorável, a tentativa deve prevalecer. O
primeiro passo de Fernanda foi atentar à posição em que as bebês se sentiam
mais confortáveis no peito – a mesma em que elas estavam na barriga. O passo
seguinte foi comprar uma almofada especial para amamentação de gêmeos, para que
mãe e bebês fiquem confortáveis durante todo o processo. Quando os pequenos
mamam simultaneamente, a economia de tempo é bem maior. Desse jeito, a mamãe
pode aproveitar a soneca dos filhos para recuperar as energias até a próxima
mamada.
Seja com um, dois ou três bebês, organização também é fundamental para
que a mulher não fique esgotada e perca o controle da amamentação.
“Fiz um caderninho com os horários e duração das mamadas, para que elas
não ficassem mais de três horas longe do peito. Isso me deixou mais segura”,
acredita Fernanda.
Alternativas.
Mais do que se preparar e aprender todos os truques da amamentação
perfeita, mães precisam de descanso e tranquilidade.
“A exaustão pode prejudicar o aleitamento materno, momentaneamente.
Quando estamos nervosas, o corpo libera hormônios da excitação, que deixam o
corpo em alerta. A adrenalina não combina com prolactina, que é o hormônio que
estimula a produção de leite durante o
período de amamentação. Consequentemente, há a diminuição do volume de leite”,
explica Monica Pontin, supervisora do Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno do
Hospital São Luiz Anália Franco.
Se ainda for muito difícil amamentar os bebês nos primeiros dias e a mãe
perceber que eles não estão ganhando peso, é o momento de buscar ajuda
profissional. É provável que as crianças estejam fazendo a “pega” do peito de
um jeito errado, por isso o leite é insuficiente. Estímulos manuais de ordenha
e na própria boca do bebê aumentam a produção de leite pelas mamas.
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