FONTE: Giovanna Tavares - iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Com a chegada da hora da refeição,
vem o desespero. A criança não quer comer, corre pela casa, só senta à
mesa à força e chora, muitas vezes pedindo doces e guloseimas.
Por medo de que os filhos sintam fome mais
tarde, é natural que as mães forcem os pequenos a “limpar o prato”. O momento
de comer, que deveria ser prazeroso, se transforma em uma batalha sem
fim.
Apesar da atitude ser
compreensiva, já que é motivada pela preocupação dos pais, especialistas
garantem que esse é um hábito prejudicial para a saúde das crianças. Forçá-las
a comer tem consequências negativas imediatas e no longo prazo.
“Em primeiro lugar, vem o
desconforto. A refeição de família se torna um estresse, já que a mãe vai para
a mesa exausta e irritada, passando essa mensagem para a
criança. No futuro, pode estimular também a obesidade. A criança já está
saciada, mas continua a comer porque sempre foi obrigada a raspar o prato”,
esclarece Natasha Slhessarenko, pediatra do Delboni Auriemo Medicina
Diagnóstica.
Comer além do necessário também tem
efeitos no organismo infantil, não só no aspecto emocional. Quanto mais a
criança come, mais distendido fica o estômago. Se isso se torna algo rotineiro,
há um crescimento desproporcional desse órgão, favorecendo o surgimento de
doenças como a obesidade e o sobrepeso.
Limites.
A refeição deixa de ser natural e se torna uma
obrigação quando a saciedade não é respeitada pelos pais. Castigos físicos e
barganhas só agravam o erro. A criança é condicionada a só se alimentar se
ganhar algo em troca, como refrigerante e chocolate. Na pior das hipóteses, ela
come porque tem medo de sofrer alguma agressão física.
“Infelizmente, existem muitas crianças que se
alimentam nessas condições. A mãe já vai para mesa estressadíssima, com o cinto
na mão. Isso gera problemas de natureza psicológica nos filhos. As mães
precisam saber que não é incomum que a criança tenha pouco apetite e coma
pequenas porções”, afirma Natasha.
Não existe uma quantidade de comida padrão e
ideal para os pequenos. Por isso, é normal que alguns comam mais e outros
menos. Comparar o apetite dos filhos com os demais amiguinhos é uma das
armadilhas para se preocupar em vão.
“O jeito certo de saber se a criança está bem
alimentada é observar se ela está crescendo e ganhando peso direito. Se a curva
de crescimento infantil estiver com algum problema, é necessário investigar. Às
vezes, a criança sofre com uma deficiência nutricional por conta de alguma
doença específica, como a anemia”, reforça a especialista em nutrologia Ana
Luisa Vilela. Ou seja: nenhuma relação com o fato de comer pouco ou comer
muito.
Quando menos é mais.
Mais do que se preocupar com a quantidade de
alimentos que os filhos estão ingerindo, pais precisam atentar à qualidade
nutricional da comida.
Não adianta reclamar que a criança não está
almoçando ou jantando direito se, no intervalo das refeições, ela come todo
tipo de alimento industrializado. Se os adultos permitem isso, é natural que
ela não sinta fome quando deveria, ou seja, no momento da refeição de verdade.
Por isso, os filhos devem ser estimulados a
comer apenas o que aguentarem, mas no momento certo. Para evitar o desperdício,
o melhor a se fazer é separar pequenas porções de comida e oferecer à criança.
Se ela ainda sentir fome, a mãe pode escolher alguma fruta ou um suco natural
de sobremesa.
Incentivar uma alimentação saudável e obrigar
a criança a comer são duas situações muito distintas. Na primeira, a mãe
explora o máximo da criatividade para que a criança se interesse pelos
alimentos e saiba apreciar o momento da refeição.
Assim, é possível criar uma expectativa
positiva nos filhos. Eles começam a esperar pela hora de comer, justamente por
ser um momento feliz e descontraído, em família. Outro detalhe importante tem
relação com a postura dos pais na mesa.
Eles são os maiores exemplos da criança. Se as refeições são sempre
corridas e de baixa qualidade nutricional, isso será absorvido pelos pequenos,
perpetuando os hábitos negativos.
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