FONTE: iG - O Dia, TRIBUNA DA BAHIA.
Passar doze horas em jejum antes de
realizar um exame de sangue é um incômodo que todos já tiveram de enfrentar ao
menos uma vez. Porém, boa parte desses transtornos pode ser evitada. Avanços
das técnicas de análise do sangue já colocaram fim à necessidade de jejuar para
a maioria dos testes laboratoriais, entre eles os de glicose e colesterol. Mas
a desinformação de médicos e pacientes mantém a cultura da
privação de refeições no país. O assunto foi tema de debate no Congresso
Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, na semana passada, no
Rio.
O patologista clínico Gastão
Rosenfeld, um dos defensores do encerramento da exigência, garante que a
metodologia atual para os testes de glicose e LDL, o
colesterol ruim, prescinde do jejum para chegar a conclusões precisas. “A nova
metodologia de análise quebrou a interferência que o consumo de gordura próximo
ao horário do exame tinha sobre o resultado. Para estes dois testes, jejuar
doze horas antes tornou-se exagero”, diz. Segundo ele, o exame de glicose
deixou de ser feito através do cálculo de triglicerídeos, partícula de gordura,
e usa a hemoglobina glicada, que pondera a média da taxa glicêmica do sangue
nos 90 dias anteriores ao teste. Já o LDL passou a ser calculado de forma
direta, também contornando o exame de triglicerídeos.
PROBLEMA CULTURAL.
Para Rosenfeld, o entrave para o fim do jejum é a
conscientização de médicos e laboratórios. Nesse sentido, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica tem promovido
encontros de profissionais para alastrar a informação. “O problema é cultural,
mas temos combatido isso e alguns laboratórios do país já começaram a aderir”,
garante o médico, assessor da Abramed.
Rosenfeld também revela que alguns médicos, especialmente os com experiência
no exterior, adotam o procedimento à revelia dos laboratórios. “Alguns falam
para o paciente apenas dizer, no laboratório que jejuou”.
Diagnósticos mais rápidos.
Atualmente, clínicas de diagnóstico do Estado do Rio de Janeiro, como
Bronstein, CDPI, Lâmina e Sérgio Franco, ainda exigem a privação de alimentação
por doze horas para a realização dos testes de glicose e colesterol. O médico
Gastão Rosenfeld defende que, além de facilitar a vida de pacientes, o fim da
exigência de jejum antes da realização de exames também traria benefício para
os laboratórios.
Segundo ele, a atual
obrigatoriedade lota os consultórios pela manhã e deixa-os vazios no restante
do dia. “Ao distribuir o horário dos atendimentos, você perde menos tempo em
filas e acelera diagnósticos, porque passa a ser possível sair do médico e ir
direto fazer um exame”, afirma.
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