sexta-feira, 18 de junho de 2010

MIL AGRESSÕES A IDOSOS EM 2010...

FONTE: Roberta Cerqueira, TRIBUNA DA BAHIA.

Ameaça, humilhação, maus tratos, lesão corporal e apropriação de bens são queixas recorrentes, na Delegacia de Atendimento ao Idoso (DEATI), segundo a delegada titular Susy Ann Brandão. Em quatro anos, a unidade policial já registrou cerca de 11 mil casos, mas, ainda encontra dificuldade para prender os culpados, que em sua maioria, são familiares das vítimas. A Bahia tem cerca de 1,8 milhão de idosos, o que representa 10% da população do estado.“O número de casos que chega ao conhecimento da polícia não representa nem a metade dos idosos vítimas de violência de Salvador, pois a maioria deles não registra queixa para proteger seus filhos, maridos e parentes em geral”, destaca a delegada, que só este ano já acompanhou cerca de mil novos casos.
Ainda em clima de comemoração pelo Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, celebrado terça-feira, 15 de junho, aposentados, pensionistas, trabalhadores e representantes de diversos órgãos de defesa do idoso, realizaram ontem uma manifestação na Praça da Piedade, seguida por uma caminhada até a Praça Municipal e uma seção especial na Câmara dos Vereadores. “Precisamos refletir e discutir com os idosos todas as maneiras possíveis de se combater este tipo de violência, ainda tão recorrente em nossa sociedade”, lembrou Brandão, ressaltando que por praticarem geralmente dentro de casa, dificilmente os agressores são pegos em flagrantes e presos. “Isso também por serem crimes de menor potencial ofensivo”, explica.
De acordo com a delegada, um dos casos mais comuns se refere à apropriação indevida de bens, também praticada por familiares. “Eles se apropriam dos benefícios dos aposentados e pensionistas”, diz, ratificando que a prática de crime patrimonial por familiares está prevista no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03) e deve ser punida.
Do alto dos seus 84 anos, Manuel Ventura dos Santos pensava já ter vivido de tudo, até que durante uma de suas idas e vindas, acabou indo parar dentro de um módulo policial para prestar esclarecimentos por ter entrado pela frente do ônibus, sem os documentos exigidos para a gratuidade. “Eu mostrei a minha carteirinha (Carteira de Transporte do Idoso) e a cópia da minha identidade e o motorista da empresa Brisa, ônibus 3058, disse que precisava da autenticação na identidade e acabou me levando para o módulo de Dias D’Ávila”, denunciou o idoso.
O presidente da Associação dos Pensionistas e Aposentados da Previdência Social da Bahia (Asaprev-Ba/Casa do Aposentado), Gilson Costa, lembrou que casos, como o de Manuel, são mais comuns do que se imagina. “As pessoas não respeitam o idoso, principalmente nos ônibus e nos bancos”, afirma.
Dois mil vivem nos abrigos de Salvador.
Um levantamento recente feito pelo Ministério Público e Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) em 34 abrigos de Salvador, sendo um público e os demais particulares e filantrópicos, diagnosticou cerca de dois mil idosos vivendo em condições precárias, em ambientes inapropriados.
“A partir desse levantamento foram feitos diversos Termos de Ajuste de Conduta (TAC) com cada entidade, que terá um prazo para se adequar às normas”, garante Magda de Assis Souza, representante da Sedes, no Conselho Estadual do Idoso. Para o promotor de Justiça, César Correia, o maior desafio se concentra no combate a violência constitucional, praticada pelo poder público, que não oferece as necessidades básicas à terceira idade. “Na falta de hospitais, médicos e todos os problemas relacionados à saúde, por exemplo, as maiores vítimas são os idosos”, diz, acrescentando que o estado gasta cerca de 23% do seu orçamento com este público.

Nenhum comentário:

Postar um comentário