segunda-feira, 7 de junho de 2010

ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA PODE FAZER A DIFERENÇA NA VIDA ADULTA DA MULHER (PARTE DOIS)...


UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Atualmente, as meninas estão perdendo a virgindade com que idade?
BARBARA - Segundo dados retirados do site do Ministério da Saúde, no Brasil, a idade média de iniciação sexual está em torno dos 15 anos, ou seja, em idade escolar, o que justifica a necessidade de realizar ações de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e HIV/Aids à população de adolescentes e jovens escolares. De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (Dezembro, 2007), foram identificados 54.965 casos de Aids, sendo 10.337 entre jovens de 13 e 19 anos e 44.628 entre os de 20 e 24 anos. É importante ressaltar que o número de casos entre os jovens de 13 a 19 anos vem crescendo desde o início da epidemia.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Masturbação ainda é um tabu? Qual orientação que se pode dar para as adolescentes?
BARBARA - Sim, a masturbação ainda é um tabu, principalmente para as meninas. A orientação que costumo dar para minhas pacientes é a necessidade de conhecer o seu próprio corpo muito bem para poder ter e dar prazer a alguém durante um ato sexual. E, para se conhecer, é preciso não só ter noções da anatomia do corpo feminino, ensinamentos esses que são - ou devem ser - ministrados no colégio, mas também saber onde fica cada parte e como esse órgão reage ao toque. O conhecimento e o toque do próprio corpo também são importantes quando se fala em autoexame das mamas e percepção de verrugas vaginais em estágios inicias. Ou seja, independentemente do objetivo, seja ele de prevenção de doenças ou prazer, é indispensável que a menina conheça seu próprio corpo.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - A iniciação sexual da adolescente ainda é vista com receio e preocupação pelos pais, diferentemente do que ocorre em relação aos meninos. E muitos pais protelam a ida ao ginecologista com medo de “incentivar” o sexo. Comente essa questão.
BARBARA - O ginecologista tem um papel imparcial, no sentido de fornecer informações de qualidade para uma vida ginecológica, sexual e, depois, obstetrícia tranquila e saudável. O que se percebe é que meninas mais bem informadas - não só pela ginecologista, mas também pela escola e, principalmente, pelos pais - terão uma iniciação sexual mais segura. Cabe aos pais mostrar às adolescentes a importância de cada fase da vida no seu tempo. A ginecologista é apenas uma coadjuvante, que tentará ao máximo ajudar a família, sempre respeitando os desejos da sua paciente e o sigilo médico.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Qual o impacto da educação sexual correta na adolescência na vida adulta da mulher?
BARBARA - Mulheres que foram adolescentes que conheciam seu próprio corpo, que tinham acesso a informação de qualidade e canal aberto na família, em geral, terão uma vida sexual mais saudável no futuro. Meninas que iniciam a vida sexual muito precocemente, sem informação sobre anticoncepção nem conhecimento do seu corpo, tendem a apresentar, muito cedo, dificuldades sexuais que podem acompanhá-las por muito tempo. Sem contar uma gravidez indesejada, um aborto clandestino, doenças sexualmente transmissíveis e até mesmo o HIV.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Dê um conselho aos pais.
BARBARA - O diálogo ainda é o melhor caminho. A velocidade com que as informações chegam até nós, hoje, é muito grande. Porém, é preciso filtrá-las. Os pais devem achar um caminho para realizar esse filtro para os filhos. É preciso encontrar a linguagem deles para tentar se comunicar e aproveitar situações do dia a dia para introduzir assuntos considerados tabus. Assim, cada dia mais esses tabus serão quebrados. Os adolescentes não decidem fazer sexo porque se fala de sexo em casa ou porque vão ao ginecologista. Decidem porque faz parte da vida. Com o diálogo, podemos mostrar quais são os nossos valores, os valores de cada família, e dizer que gostaríamos que esses valores fossem seguidos. Mas, ao final, caberá à adolescente a escolha.

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