segunda-feira, 7 de junho de 2010

ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA PODE FAZER A DIFERENÇA NA VIDA ADULTA DA MULHER (PARTE UM)...

FONTE: ROSANA FERREIRA, Editora-assistente de UOL Estilo Comportamento (estilo.uol.com.br).
Os pais, a escola e o ginecologista são fundamentais para a boa orientação sexual na adolescência. Isso pode refletir fazer a diferença na vida adulta da mulher, segundo a ginecologista e obstetra Barbara Murayama, especializada em endoscopia ginecológica pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e titulada pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
A afirmação ganha mais importância quando se consulta os dados do Ministério da Saúde: no Brasil, a idade média de iniciação sexual está em torno dos 15 anos, ou seja, em idade escolar. “O que justifica a necessidade de realizar ações de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e HIV/Aids à população de adolescentes e jovens escolares”, diz a ginecologista.
Em entrevista ao UOL Estilo Comportamento, ela afirma que a masturbação ainda é tabu na vida das meninas. “A orientação que costumo passar é a necessidade de conhecer o seu próprio corpo muito bem para poder ter e dar prazer a alguém durante um ato sexual”, afirma. Mas o diálogo com os pais, segundo Barbara, ainda é o melhor caminho para filtrar a avalanche de informações que permeia a vida dos adolescentes atualmente. Leia abaixo trechos da entrevista.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Quando deve ocorrer a primeira visita ao ginecologista?
BARBARA MURAYAMA - Não existe data precisa, mas, assim que a menina começar a apresentar os primeiros sinais da puberdade, como nascimento dos pêlos pubianos e das mamas, já pode ser um bom momento. Esses acontecimentos, muitas vezes, vêm acompanhados de dúvidas. Por isso, com o auxílio de uma profissional, a mãe pode ter mais respaldo para transmitir segurança para a menina durante essa transição. Caso esse período passe, o ideal é que, a partir da primeira menstruação, as visitas se tornem rotineiras.
UOL ESTILO COMPORTAMENTO - A mãe deve entrar junto com a filha no consultório médico?
BARBARA - Não existe regra. Isso deve ser discutido com cada menina e com cada mãe. Algumas meninas preferem a mãe junto delas, enquanto outras preferem entrar sozinhas. O importante é deixar o canal aberto para que a menina se sinta à vontade para tomar essa decisão, sem repressão.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Quais são as orientações que um ginecologista costuma passar para uma paciente adolescente no consultório?
BARBARA - Após conversar com a menina e saber um pouco sobre ela, eu procuro focar as orientações de acordo com o momento que ela está passando. Por exemplo, para uma menina de 11 anos, que está começando a menstruar, mas ainda não tem relações sexuais, muitas vezes nem beijou na boca ainda, irei explicar sobre higiene íntima e as mudanças que acontecem no corpo nesta fase, como a secreção vaginal que é mais evidente, as cólicas que podem aparecer e os fluxos menstruais. Por outro lado, para uma menina que já iniciou ou que eu percebesse que já está pensando em iniciar sua vida sexual, é preciso explicar sobre DST (doenças sexualmente transmissíveis), uso de preservativos e métodos anticoncepcionais. Sempre de uma forma suave e clara, deixando um canal aberto para que a menina tenha confiança.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Em relação à educação sexual, qual o papel do ginecologista? Como ele pode ajudar nessa questão?
BARBARA - O ginecologista, como médico da mulher em todas as fases de sua vida, exerce papel primordial, pois tem informações de qualidade sobre os assuntos que envolvem esse tema. É importante, em todas as consultas, que o ginecologista se mostre aberto a esclarecer dúvidas sobre a atividade sexual, doenças sexualmente transmissíveis e métodos anticoncepcionais, entre outros assuntos. Cabe ao profissional fornecer informações médicas e epidemiológicas sobre gravidez na adolescência, transmissão de doenças etc. Essas informações devem ser introduzidas nas consultas de rotina e sempre que a paciente trouxer dúvidas.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Como lidar com a timidez típica do adolescente na hora de falar sobre sexo? Como você lida com isso para obter informações importantes?
BARBARA - É preciso ganhar a confiança da adolescente, como a de qualquer paciente, em qualquer idade. E isso, muitas vezes, leva tempo. Nem tudo precisa ser conversado na primeira consulta. Geralmente, em uma primeira consulta apenas conversamos sobre assuntos diversos, antecedentes médicos e familiares. E deixamos o exame ginecológico e temas como sexo para uma próxima visita, quando a menina se sentir mais à vontade.

UOL ESTILO COMPORTAMENTO - Qual é a maior dúvida das meninas?
BARBARA - O início das menstruações nem sempre é regular. Muitas vezes, a menstruação adianta ou atrasa um pouco. Isso - e também os corrimentos - costuma gerar dúvidas. Quando começam a menstruar, as meninas passam a ter secreção vaginal em maior quantidade. A secreção tem como finalidade lubrificar a vagina e isso pode ser confundido com corrimentos causados por fungos ou bactérias. Por isso, sempre que houver sintomas como esse é preciso de uma avaliação ginecológica.

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