quarta-feira, 9 de junho de 2010

PESQUISADORES VÃO MAPEAR PROBLEMAS CARDÍACOS NA COPA...

FONTE: JULLIANE SILVEIRA, da Reportagem Local (www1.folha.uol.com.br).

Com duas pontes de safena e uma mamária, o executivo de vendas Aércio Colombo, 60, ouviu do médico que terá de se controlar na Copa do Mundo -ou ficar longe da TV.
Ele já foi parar três vezes no pronto-socorro por causa de futebol, com pressão alta e batimentos cardíacos alterados.
Pelo senso comum, é fácil constatar que os batimentos do coração do espectador sobem quando ocorre um lance perigoso em um jogo importante.
Agora, pesquisadores brasileiros querem entender de que forma a paixão pelo esporte pode causar problemas mais graves, como infarto e arritmias.
Nesta Copa, cardiologistas vão mapear eventos cardiovasculares que possam ser relacionados aos jogos do Brasil.
Hospitais de referência de seis cidades vão contabilizar suas admissões por problemas cardíacos no dia anterior às partidas da seleção brasileira.
Esses números serão comparados com as internações ocorridas por infarto, arritmia e derrame cerebral em dia de jogo e nos dois dias seguintes.
"A meta é obter dados de 5.000 pacientes. Podemos tecer comparações secundárias: nos jogos da primeira fase, a diferença pode não ser tão grande.
Já nos jogos decisivos, os problemas podem aumentar", diz o cardiologista Álvaro Avezum, um dos pesquisadores.
FORTES EMOÇÕES.
O envolvimento emocional do torcedor é determinante para o aumento do risco.
Em um momento tenso, o organismo libera noradrenalina, que causa aumento dos batimentos e constrição dos vasos, aumentando a pressão arterial.
Esse cenário favorece arritmias e parada cardíaca, em casos mais extremos.
Corintiano, Aércio sente esses mecanismos fisiológicos a cada partida de seu time.
"Em dia de jogo, minha pressão sobe para 14 por 11 [o normal é 12 por 8], o coração vai a 110 por minuto, sinto até tontura. Quando fui parar no PS, a pressão chegou a 17 por 11", conta. São mais vulneráveis pessoas com histórico de infarto, que já se submeteram a cirurgias cardíacas e não controlam hipertensão e diabetes.
"Isso não quer dizer que quem não tem nada não possa ter uma arritmia diante de uma emoção forte", diz o fisiologista Carlos Eduardo Negrão, diretor da unidade de reabilitação cardiovascular do InCor.
Para a Copa, Aércio pretende se controlar com algumas técnicas que desenvolveu: sair para o terraço, descer na garagem do prédio, falar "abobrinhas". "Desta vez vou ser mais light. Quando o Brasil perdeu para a França, dei murros na mesa, atirei meu radinho pela janela."

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