FONTE: Cristiane Flores e Daniela Pereira, TRIBUNA DA BAHIA.
O número de vítimas do golpe do Antonius Cerimonial cresce a cada dia. Ontem pela manhã, a reportagem da Tribuna foi procurada por mais uma formanda que viveu o pesadelo de não ter sua festa de formatura. Jéssica Martins e sua amiga Izabele Ressurreição haviam contratado o mesmo cerimonial para realizar o evento no último sábado.
Depois da solenidade se dirigiram ao espaço onde seria realizada a festa e tiveram a ingrata surpresa de não ter nada preparado para o evento. No mesmo dia as vítimas prestaram uma queixa na Delegacia de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (Dreof) contra a empresa. À tarde, um casal de noivos também esteve na delegacia com a edição desta Tribuna em mãos, e afirmou ter sido vítima da mesma empresa.
Segundo informações dos agentes do Serviço de Investigação (SI) da unidade, os noivos procuraram o Antonius Cerimonial para organização de uma recepção do casamento, mas caíram no mesmo golpe. Segundo informações das vítimas, que preferiram anonimato, apesar de desconfiar do preço irrisório cobrado por Antônio e um sócio, identificado apenas como Júnior, as boas referências dadas por amigas os levaram ao fechar o contrato.
“Eles cobraram R$ 22 mil pelo Buffet e até o meio deste mês pagamos R$ 12 mil. Senti que ele estava bem apressado para receber esse dinheiro, mas não desconfiei de nada. Ficamos surpresos quando vimos a reportagem no jornal. Imediatamente iniciamos contato, mas todos os celulares estavam na caixa.
Na manhã de hoje (ontem), fomos até o local onde se dizia ser o escritório, mas encontramos o proprietário do estabelecimento, que nos avisou que eles tinham ido embora”, contou a noiva, ressaltando que novas vítimas irão aparecer. “Fiquei chocada quando o suposto proprietário do imóvel informou que outros casais já tinham procurado o Antônio e que ele tinha saído de madrugada do local”, afirmou.
Já no caso de Jéssica, a jovem contou que também tinha ótimas referências do Antonius Cerimonial. “Fui a várias festas organizadas por eles, eram festas maravilhosas, os salgados perfeitos, a decoração majestosa, tudo exatamente como a gente sonha tanto numa formatura, como num casamento.
Às vésperas da nossa festa tentamos entrar em contato com os proprietários, não estranhamos a falta de retorno porque eles eram muito atarefados, portanto imaginamos que estariam ocupados inclusive em preparar nossa festa.
No sábado, nem cogitamos a possibilidade de algo sair errado, fomos para a solenidade, foi então que alguns familiares ficaram sabendo que nada estava preparado no espaço, abalados, eles tentaram nos poupar o máximo, mas não teve jeito, quando chegamos ao espaço não havia nada, apenas as bebidas, que tínhamos comprados por fora.
Foi um desespero para nós, nossos familiares e os convidados tentaram nos consolar, tanto eu como Izabele ficamos em estado de choque. Além de todo o prejuízo que tivemos, o pior foi passar por tudo aquilo, ver nosso sonho acabar daquela forma.
No mesmo dia prestamos uma queixa na delegacia contra crimes de estelionato. Nada vai reparar o que nós passamos , esperamos que haja justiça e queremos eles atrás das grades”, desabafou Jéssica Martins.
Apesar de as formandas apresentaram Boletim de Ocorrência (BO) – 0432011001316, registrado no dia 20 de março, às 0h07 – registrado na Dreof, agentes da unidade afirmaram desconhecer a queixa, alegando que as investigações seriam iniciadas ontem, após o depoimento do casal.
“Desconhecíamos este caso. Aqui na delegacia não tem nenhuma queixa contra esta organização tendo como vítima estudantes. Os noivos são os primeiros a registrar”, afirmou um agente. Em contrapartida, Jéssica apresentou BO e afirmou que o depoimento está assinado em nome da delegada Edna Maria Esteves Amorim.
CRIME DE ESTELIONATO.
O delegado titular da Delegacia de Defesa do Consumidor, Oscar Vieira de Araújo Neto, explica que o fato pode se tratar desde um crime contra relação de consumo como estelionato. “Na nossa delegacia podemos apurar este crime, afinal não deixa de ser um crime contra a relação de consumo.
O delegado titular da Delegacia de Defesa do Consumidor, Oscar Vieira de Araújo Neto, explica que o fato pode se tratar desde um crime contra relação de consumo como estelionato. “Na nossa delegacia podemos apurar este crime, afinal não deixa de ser um crime contra a relação de consumo.
Entretanto, baseado nos fatos relatados, tudo leva a crer que trata-se de crime de estelionato. Em geral, o estelionatário ludibria, induz ao erro e cria expectativa para obter vantagem. Nestes casos, quanto mais pessoas apresentarem provas que foram lesadas, fica mais fácil para o juiz entender que houve prática reiterada do crime, isto é, intenção de cometer o crime.
A fuga dos acusados também pode indicar que houve intenção de lesar as vítimas”, pontuou OscarIsabella Barreto, diretora de fiscalização da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA), informou que “uma vez que seja comprovada a irregularidade através da análise dos contratos, a empresa vai ser autuada e responder a um processo administrativo.
Se for constatada que acusações têm procedência, a empresa tem que pagar uma multa que varia de 200 à 3 milhões de reais.
É importante ressaltar que antes de contratar qualquer empresa é sempre bom verificar se houve denúncia nos órgãos de defesa do consumidor”, disse. No final da tarde de ontem, a equipe de reportagem tentou contato com Antônio, Júnior e uma secretária, de nome desconhecido, mas todos os aparelhos de celulares estavam desligados. A casa onde funcionava a empresa também estava vazia.
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