FONTE: JULIANA VINES, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Um exame de sangue simples pode detectar enfisema pulmonar precocemente, antes mesmo do aparecimento dos sintomas mais comuns, como falta de ar e tosse.
A descoberta é de pesquisadores americanos do Weill Cornell Medical Center, em Nova York.
O enfisema é uma DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), assim como a bronquite. A doença se caracteriza pela destruição de estruturas do pulmão.
Depois que o enfisema é instalado, o pulmão perde progressivamente a função. O doente sente cada vez mais dificuldade para respirar.
O fumo é responsável por, em média, 80% dos casos. A doença é irreversível. É por isso que, quanto antes for feito o diagnóstico, melhor o prognóstico.
"A identificação de fumantes com um início de enfisema pode permitir uma intervenção que evite a destruição permanente dos pulmões", dizem os autores da descoberta, no artigo publicado esta semana no "American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine".
Hoje, o diagnóstico é feito com exames de sopro que medem a função pulmonar.
"A espirometria (exame mais comum) não é muito sensível para detectar a doença no início", diz o pneumologista Pedro Rodrigues Genta, do HCor (Hospital do Coração).
Muitas vezes, o diagnóstico acontece só quando os sintomas já apareceram.
MORTE DOS PULMÕES.
O novo exame detecta o início da destruição pulmonar a partir de partículas encontradas no sangue.
O novo exame detecta o início da destruição pulmonar a partir de partículas encontradas no sangue.
"Essas micropartículas são resultantes da morte precoce de células dos vasos pulmonares", afirma Rafael Stelmach, pneumologista do Hospital das Clínicas de SP.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores examinaram 92 pessoas, divididas em três grupos -não fumantes saudáveis, fumantes saudáveis e fumantes com diagnóstico de enfisema.
Foram feitos testes tradicionais para medir função pulmonar e depois o exame de sangue, que identificou e contou as partículas mortas vindas do pulmão.
"Todos temos morte celular, é normal. Mas, quando há a doença, essa morte é precoce", diz Stelmach.
Segundo Genta, a doença pode aparecer a partir de 15 anos de tabagismo, para quem fuma, em média, um maço de cigarro por dia.
Para Oliver Nascimento, diretor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o método proposto parece ser eficaz, mas a pesquisa é inicial. São necessários testes com mais pacientes.
"Todo mundo está procurando uma forma de identificar o aparecimento do enfisema precocemente. Essa hipótese faz todo sentido. Se a pessoa parar de fumar nessa etapa, pode ser que nem chegue a ter sintomas."
No momento, os pesquisadores estão fazendo estudos do teste em grandes grupos de participantes, para validar os resultados.
"Ainda não tem uma aplicação a curto prazo, mas esse resultado abre uma perspectiva nova de diagnóstico para o futuro, a médio prazo. Só depende que a tecnologia seja desenvolvida em larga escala", afirma Genta.
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