FONTE: Ivan De Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
O novo Partido Social Democrático (PSD), depois de lançado com bastante força na Bahia no domingo, foi ontem lançado em São Paulo, estado que pode ser considerado como seu berço e onde a criação da nova legenda significou, na prática, a extinção do DEM.
De fato, não ficou praticamente coisa alguma do Democratas em São Paulo. Migrou deste partido para o PSD o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que era a principal liderança política do DEM no estado e deixa a prefeitura em 2012. Kassab não via esta legenda como adequada a uma candidatura sua a governador de São Paulo em 2014. Considerava o DEM desgastado popularmente e, assim, inapropriado para dar-lhe sustentação na disputada pelo governo paulista.
Mas não só isto. Tinha razões para temer não encontrar espaço e estímulo no DEM, depois que o grupo do ex-senador Jorge Bornhausen perdeu a disputa pelo controle nacional da legenda antes mesmo de travar uma batalha final na eleição para o comando partidário.
Além de Kassab, trocaram o DEM pelo PSD em São Paulo o vice-governador Afif Domingos, importante liderança política, e o ex-governador Cláudio Lembo, além de outros políticos com e sem mandato.
O DEM certamente vai reagir da maneira esperada e, aliás, já anunciada pelo deputado baiano ACM Neto, líder da bancada democrata na Câmara dos Deputados – intervindo na seção estadual paulista. É que os componentes da atual direção do DEM paulista são naturalmente aliados do prefeito Kassab e de Afif Domingos.
Assim, o que o DEM vai tentar é, afastando os atuais dirigentes da seção paulista, abrir espaço para uma reconstituição da legenda no maior colégio eleitoral do país. Uma reconstituição a partir do nada ou, para não correr o risco do pessimismo, do quase nada.
No nascimento, o PSD, como declaravam ontem seus fundadores no ato político realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, busca se situar como um partido “independente”. Continuará, como fazia a maioria paulista de seus integrantes ainda quando no DEM, apoiando o governo tucano de Geraldo Alckmin em São Paulo, enquanto se coloca, como disse Kassab, “à disposição da presidente Dilma Roussef”. Para apoiar “quando for necessário” e “fiscalizar” sempre que esta ação seja adequada.
É uma definição verbalmente complexa, mas não difícil de entender se forem consideradas as origens da nova legenda, a ser integrada por políticos de variada origem, alguns porque imaginam este novo partido como permanente, outros por quererem, através dele, fazer uma ponte para atravessar o fosso representado pelas normas e jurisprudência a respeito da fidelidade partidária.
Um partido assim formado não tem condições de, logo de início, enunciar um rumo muito definido. Surge, então, esse discurso de independente, pronto a fixar posições de apoio ou “fiscalização” – pois não se quis, sequer, falar “crítica” – à medida que se deparar com cada fato em seu caminho. O PSD põe um rosto de polivalente. Mas sem dúvida que há no novo partido uma tendência dominante de aproximação com o governo federal.
No caso da Bahia, não há cuidados com as aparências. O rumo está claro. Não há dúvida de que a seção estadual, liderada pelo vice-governador Otto Alencar, apoiará decididamente o governo Jaques Wagner e dará toda a contribuição que puder à base de sustentação da presidente Dilma Rousseff. Aliás, o governador seguramente está muito feliz com a entrada em cena desse novo partido na Bahia.
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