quarta-feira, 18 de julho de 2012

APÓS O ALMOÇO, TIRE UM COCHILO...


FONTE: *** TRIBUNA DA BAHIA.

Na última semana, um novo espaço inaugurado na região da Avenida Paulista, em São Paulo, permite ao frequentador aproveitar o aconchego de cabines individuais e dar uma descansada após o horário do almoço.

A prática, bastante cultivada em países como a Espanha, é conhecida por melhorar a produtividade. Para quem se preocupa com a silhueta, no entanto, pinta a dúvida: cochilar depois do almoço faz ganhar peso?

Segundo Viviane Chaer Borges, nutricionista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, do ponto de vista metabólico, um simples repouso de 30 minutos não determina se uma pessoa vai ganhar peso ou não. “Engordar é um processo que ocorre devido a um desequilíbrio entre o que a pessoa ingere de calorias e o que ela gasta”, explica.

É comum sentir sonolência quando o estômago trabalha na digestão, pois o fluxo sanguíneo é direcionado para essa operação. No entanto, a sensação não dura o dia todo. “Para evitar esse sono, o ideal é evitar comidas muito gordurosas e em grande quantidade, que exigem um trabalho digestivo maior”, recomenda.

Na opinião de Borges, o tempo que a pessoa passa em frente ao computador, este sim, é determinante para engordar. “Quem trabalha muito sentado e não se exercita tem grandes chances de ficar com excesso de peso. O ideal é que a pessoa seja ativa e faça uma atividade para compensar esse tempo em que passa parada”, afirma.

Exercícios no almoço – Enquanto alguns só desejam uma soneca depois do almoço, outros aproveitam o intervalo para praticar atividades físicas. No entanto, a nutricionista da Beneficência Portuguesa de São Paulo não recomenda o hábito: “Durante o processo digestivo, o sangue é desviado para o estômago e quando a pessoa começar a praticar alguma atividade ela exige que o sangue também seja deslocado para o músculo”. O resultado pode ser um belo mal-estar.

Portanto, quem quiser mesmo assim ir para a academia após o almoço deve fazer uma alimentação bem leve para manter a glicemia durante toda a atividade física.

Aumento na produtividade – Estudos atestam os benefícios de se tirar uma sonequinha depois do almoço. De acordo com uma pesquisa feita por japoneses e publicada no periódico Sleeping, um cochilo de 15 a 30 minutos depois do almoço melhora a produtividade e o rendimento no trabalho. “Algumas empresas já notaram isso e até adotam espaços de relaxamento para os funcionários”, aponta Borges.

Ainda assim, não é possível afirmar que um cochilo após as refeições é bom para todo mundo. “Cada pessoa tem um metabolismo diferente. Alguns têm mais energia depois do almoço, enquanto outros têm a noite de sono prejudicada caso durmam à tarde”, pondera.

Aprendizado melhora – Pesquisas feitas por médicos israelenses e norte-americanos confirmam que uma boa noite de sono é fundamental para armazenar o conhecimento aprendido durante o dia.

Mas, um novo estudo publicado na revista Current Biology descobriu que cochilar um pouco também é importante para o aprendizado.

A pesquisa mostra que uma outra fase do sono, chamada de movimentos oculares não rápidos (NREM), está ligada a melhores resultados de memorização após uma soneca.

No total os cientistas reuniram 44 voluntários, 27 mulheres e 17 homens, e lhes deram a tarefa de memorizar 100 nomes e rostos. Em seguida, eles foram divididos em grupos, sendo que um deles cochilou por uma hora e vinte minutos, enquanto o outro ficou acordado fazendo atividades diárias.

Seis horas depois os grupos foram testados novamente com os mesmos 100 nomes e rostos. Matthew Walker, co-autor do estudo, constatou que os voluntários que não cochilaram acertaram 12% a menos em comparação ao primeiro teste. Já os que cochilaram acertaram 10% a mais de respostas no segundo teste. Para o pesquisador isso mostra que a capacidade de aprendizagem diminui à medida que o dia passa.

O monitoramento de ondas cerebrais mostrou um fator que também afeta a memória, uma erupção curta e sincronizada de atividade elétrica chamada de eixo do sono. Ele dura cerca de um segundo e pode ocorrer mil vezes em uma noite durante o sono NREM.

A pesquisa relatou que as pessoas que tinham mais desses eixos, além da área frontal do cérebro, chamada córtex pré-frontal maior, tinham uma melhora na capacidade de aprendizado depois de uma soneca.

Para Walker e os outros pesquisadores do estudo os eixos do sono trabalham para transferir informações do hipocampo, área no fundo do cérebro onde as memórias são feitas, para o córtex pré-frontal, que armazena a longo prazo, e libera o hipocampo para novas memórias.

“Em algum lugar entre a infância e a idade adulta, nós abandonamos a ideia de que o sono é útil. Como o dormir afeta nosso aprendizado e memória nossa sociedade precisa parar de ver o sono como um luxo, mas sim como uma necessidade biológica”, contou Walker ao LiveScience

GENE DETERMINA HORAS DE SONO.
Muitas pessoas conseguem passar bem o dia com poucas horas de sono, enquanto outras se sentem imprestáveis. De acordo com novo estudo publicado no Molecular Psychiatry, o motivo desse mal-estar é a variação em um gene chamado ABCC9.

Segundo os pesquisadores envolvidos, as pessoas que apresentam essa variação precisam de, pelo menos, 30 minutos a mais de descanso do que os que não têm.

Cientistas da Universidade de Edinburgh trabalharam junto com os da Ludwig Maximilians University Munich e analisaram os genes de moscas drosófilas e de 10 mil pessoas que participaram do estudo e responderam a questionários relacionados ao sono.

As moscas que não tinham a variação do gene “dormiam” três horas menos do que o normal, enquanto os humanos dormiam mais do que a média comum e indicada pelos médicos, que é de oito horas de sono por noite.

O sono foi medido em “dias livres”, isto é: nenhuma das pessoas precisava trabalhar no dia seguinte ou estava tomando qualquer tipo de medicação para o sono.

De acordo com Jim Wilson, autor do estudo, como o sono tem papel fundamental para a saúde, e a descoberta de genes envolvidos é importante para a cura de doenças.

*** Folha Press.

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