FONTE: Veja online, TRIBUNA DA BAHIA.
Pessoas que por algum motivo — acidente, derrame cerebral ou outras doenças — não conseguem falar terão uma nova chance de se comunicar. Pesquisadores desenvolveram uma técnica para que pessoas completamente conscientes, mas incapazes de se mover ou falar, consigam soletrar mentalmente com a ajuda de um aparelho de ressonância magnética. A pesquisa foi publicada no periódico Current Biology.
A nova técnica foi desenvolvida pela equipe da pesquisadora Bettina Sorger, da Universidade Maastricht, na Holanda. O processo consiste em ler a mente do paciente por meio da ressonância magnética em busca de padrões cerebrais específicos que representem cada uma das letras do alfabeto e um que sirva para dar espaço entre as palavras.
Tudo que os pacientes precisam fazer é realizar uma tarefa mental que gere uma atividade cerebral específica para cada um dos 26 caracteres. É assim que os médicos conseguem codificar o alfabeto. No estudo, seis adultos saudáveis aprenderam a responder perguntas ao 'digitar' mentalmente letras em uma tela de computador.
Experimento — Os voluntários passaram por uma hora treinando padrões de pensamento para cada uma das letras. Tudo era monitorado por um aparelho de ressonância magnética especial, que media precisamente a atividade em diferentes partes do cérebro ao detectar a quantidade do fluxo de sangue.
As letras foram dispostas em três fileiras associadas a um tipo diferente de tarefa mental: desenhar uma forma com a mente, realizar um cálculo matemático ou repetir silenciosamente um trecho de algum texto. Os participantes conseguiram digitar letras para responder várias perguntas, como "Qual é o seu nome?" e "Qual foi o último filme que viu?"
O sistema conseguiu determinar a primeira letra de cada resposta 82% das vezes, mas um algoritmo de correção — o mesmo usado em smartphones para autocorrigir o texto digitado — elevou a taxa para 95% quando a segunda letra era levada em consideração. Quando a terceira era 'digitada', a taxa de acerto foi de 100%. O processo é lento. Em média, os voluntários levaram 50 segundos para selecionar cada caractere.
Outros projetos – Não é a primeira vez que cientistas desenvolvem um dispositivo para ajudar pacientes com paralisia a se comunicarem. O físico Stephen Hawking, que sofre de esclerose lateral amiotrófica, participa de um projeto chamado iBrain, que busca ler a mente com ajuda de um gravador de ondas cerebrais. Niels Birbaumer, da Universidade de Tübingen (Alemanha), em 2000, criou um dispositivo de tradução da mente que permite soletrar palavras e escolher imagens. O aparelho interpreta a atividade elétrica do cérebro em vez do fluxo sanguíneo. Outros experimentos incluem mover o ponteiro do mouse com a mente ou converter pensamentos em sons de vogais.
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