terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ESTUDO CONTROVERSO REALCIONA SOBREPESO COM AUMENTO DE TEMPO DE VIDA...


FONTE: Dra Claudia Chang/Endocrinologia, TRIBUNA DA BAHIA.

   

Um estudo recente gerou bastante controvérsia na comunidade médica após a divulgação dos resultados de uma meta-análise (levantamento de uma série de trabalhos científicos) que concluiu que, embora os graus mais elevados de obesidade estejam relacionados a um aumento de mortalidade, pessoas com discreto aumento de peso (sobrepeso) viveriam mais do que indivíduos com peso normal.

Segundo o estudo, indivíduos com sobrepeso tiveram 6% menor risco de mortalidade por todas as causas quando comparados aos indivíduos normais.

Este estudo foi publicado em uma revista médica renomada, Journal of the Medical American Association (JAMA), mas alguns pontos devem ser analisados com cautela.

Embora o estudo seja uma revisão sistemática no qual foram analisados em conjunto vários trabalhos de alta qualidade previamente publicados, é importante ressaltar que o parâmetro analisado no estudo do JAMA foi apenas o Índice de Massa Corporal (IMC), uma correlação entre peso e altura.

O problema deste parâmetro é que ele não reflete a qualidade do peso corporal (percentual de gordura e massa magra). Além disto, outro parâmetro não avaliado foi a circunferência abdominal, que tem correlação direta com gordura visceral.

Por exemplo, um indivíduo com sobrepeso pode ter um percentual baixo de gordura com grande quantidade de massa magra (músculo). Na balança ele tem sobrepeso (IMC entre ≥25 e <30 composi="composi" corporal="corporal" mas="mas" o="o" sua="sua">excelente
.

Adicionalmente, alguns estudos foram realizados com o peso e altura referida pelo indivíduo e não aferida pelo médico, o que pode ter influenciado no resultado.

Mulheres jovens, por exemplo, tendem a reportar um peso menor e altura maior, e muitos idosos não possuem a percepção correta de seu peso e altura com o passar do tempo.

Outro dado que representa um viés no resultado do estudo é que, no trabalho, levou-se em consideração mortalidade por todas as causas e não apenas mortalidade por risco cardiovascular, sabidamente um critério com correlação mais significativa com peso.

A mensagem mais importante deste estudo é que, embora a correlação entre peso corporal e mortalidade por todas as causas pareça beneficiar os mais “gordinhos”, isto não pode ser traduzido como algo inquestionável e o próprio trabalho em questão tem importantes pontos metodológicos que precisam ser aprimorados.

No final das contas, dieta saudável e atividade física ainda são, de longe, a melhor maneira de garantir mais anos de vida (e com mais qualidade!).

-- Dra Claudia Chang, doutoranda em Endocrinologia pela USP/ Coordenadora e Professora de Pós-Graduação em Endocrinologia pelo ISMD.

Nenhum comentário:

Postar um comentário