terça-feira, 5 de março de 2013

COMPULSÃO LEVA MULHERES ÀS COMPRAS COMO FORMA DE ESCONDER FRUSTRAÇÕES...


FONTE: Rivânia Nascimento, TRIBUNA DA BAHIA.

Ela é rica, bem amada, tem a profissão que sempre desejou, mais a qualquer sinal de pressão ou frustração corre para o shopping exercer a atividade preferida das mulheres: comprar. Esse é o perfil da personagem Helô, vivida por Giovanna Antonelli na novela “Salve Jorge”, da TV Globo, e também a realidade de muitas mulheres que, segundo especialistas, compram para tamponar fragilidades. Compulsão pelo consumo de bolsas, roupas, sapatos é extremamente associada ao universo feminino.

Mas, como explicar essa compulsão ao consumismo de forma exagerada?

Para a psicanalista Liliane Sales as mulheres contemporâneas querem muitas coisas e acabam colocando mais valor em cima do “ter do que do ser”. Segundo ela, a mulher moderna tem uma carreira bem sucedida, cuida de todos, mas deixa a desejar na vida pessoal. “Com a contemporaneidade, as mulheres criaram mecanismos de defesa para não ter que lidar com as fragilidades. Dentro dessa lógica do ter mais do que ser, o malhar excessivamente, comer ou se dedicar horas a estudos é uma forma de tamponar outras fragilidades. Não adianta ter poder se não se tem um amor. Reservar um espaço na vida para um amor, não é sinal de fragilidade”, declarou a especialista.

Embora a psicanalista não assista a novela, ela avaliou o perfil da personagem e disse que no caso da delegada da trama, trata-se de um mecanismo de compulsão e compensação do que falta ou não consegue solucionar em sua vida. “Apesar de ainda amar o ex-marido, ela continua apoiada nos mecanismos de defesa de ser uma delegada poderosa promovendo a disputa entre os dois”, explicou.

A estudante universitária Lara Santos, de 25 anos, assume que muitas vezes exagerou nas compras, chegando a ter todos os cartões cancelados. “Eu acredito que todas as mulheres já passaram por isso, pelo menos uma vez na vida. Eu sempre fui consumista e vaidosa, mas chegou um momento que eu não passava um dia sem comprar, até que entrei em uma bola de neve. Foi nesse momento que decidi olhar mais para dentro de mim “, explicou.

Na opinião da psicóloga e terapeuta floral Cíntia Lorenzo, o consumo é sempre reflexo de uma tentativa de autoexpressão. “A mulher compra uma roupa, bolsa ou sapato para se expressar, se colocar no mundo da maneira que ela julga adequada ou necessária, seja para os outros ou para si mesma”.

Quando esse processo é realizado de forma equilibrada é extremamente sadio e positivo, podendo inclusive ser o reflexo de uma autotransformação. “Mas, expressão é o contrário de depressão. Toda pessoa deprimida tem dificuldade em expressar-se e o consumo pode vir como uma tentativa de equilibrar essa disfunção. Tem aquelas que chegam a dizer que preferem ir às compras ao invés de fazer uma terapia. E aí começa o problema”, ressalta Cíntia.

De acordo com a psicóloga, a compulsão por consumir pode ser vista como um pedido de socorro, quando o mundo externo – o ter - é visto como uma tábua de salvação para livrar-se de um universo interior caótico e dolorido. “Isso demonstra claramente que essa pessoa está muito mais identificada com rótulos do que conteúdos, podendo ser o resultado de uma autoconfiança fragilizada, de insegurança, relacionamentos vazios e falta de autoconhecimento”, completa a psicóloga.

Esse mecanismo de “compensação” é muito similar ao processo da compulsão alimentar. “Existe uma dor que é como se fosse um buraco por dentro e ele precisa ser fechado para que a pessoa não sinta que pode cair dentro dele a qualquer momento.

Então o consumo surge como uma possibilidade: ‘vamos encher esse buraco de coisas’, o que claramente é um engano. O indicado é abrir o coração para as possibilidades e passar a comprar por prazer não por compulsão”, enfatiza Cíntia.

Já a psicanalista Liliane Sales indica a analise como um caminho para uma vida mais feliz e recomenda o maior sentimento de todos: o amor para vencer as barreiras da vida moderna. “ A Psicanálise é em excelência, uma cura pelo amor, já dizia Sigmund Freud. Então não adianta apenas ter dinheiro, carreira e poder . É preciso amar”, finalizou.

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