FONTE: Thamires Andrade, Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Quem sofre de enxaqueca, sabe: as crises muitas vezes vêm acompanhadas de náuseas e vômitos. E esses sintomas gastrintestinais acabam dificultando a absorção dos medicamentos receitados para aliviar a dor e o mal-estar. Para evitar o problema, um adesivo que libera o sumatriptano (susbtância já usada no tratamento da doença) diretamente na corrente sanguínea foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos.
A administração de remédios via adesivo não é uma novidade, mas esse dispositivo utiliza uma nova tecnologia, um mecanismo da iontoforese para liberar o medicamento. "Esse adesivo tem dois polos, um positivo e outro negativo, sendo um com o sumatriptano e outro com duas pequenas baterias. Elas geram uma pequena corrente elétrica, imperceptível e indolor, liberando, assim, a substância", explica o neurologista André Felicio, doutor em Ciências pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O Zecuity, nome comercial do dispositivo com sumatriptano, pode ser administrado pelo paciente e, quanto antes for utilizado, melhor. "Quanto mais cedo ele liga esse dispositivo durante a crise, mais rápido a enxaqueca passa. Não basta só colar o adesivo, é preciso pressionar o botão e observar, pois enquanto a luz estiver piscando, significa que a substância ainda está sendo liberada", ensina Felicio. O sumatriptano presente no dispositivo demora até quatro horas para chegar na corrente sanguínea.
O neurologista Leandro Teles afirma que a única desvantagem do adesivo é o seu custo alto, US$ 90 (cerca de R$ 180) cada um, devido à tecnologia usada no dispositivo. "O sumatriptano via oral custa R$ 15 e a injeção subcutânea dessa mesma substância custa de R$ 40 a 50", pondera Teles, que afirma que a injeção ainda é a forma mais rápida de receber a medicação. "Ela demora 10 minutos para agir no corpo, mas tem muita gente que não gosta devido ao desconforto causado pela agulha", argumenta.
Teles acredita que o lançamento desse produto em outros países (ele ainda não está disponível no Brasil) irá baratear os custos. "A absorção do adesivo é bem mais rápida que o remédio via oral, portanto quando o adesivo ficar mais barato, muita gente poderá aderir", explica Teles.
Enxaqueca episódica.
O adesivo é prescrito para paciente com dores episódicas de cabeça. "Se a pessoa tem duas crises de enxaqueca por mês, ela vai usar o adesivo, mas se a situação for crônica é necessário remédios preventivos e até tratamentos mais sofisticados, como a injeção de toxina botulínica em pelo menos 31 pontos específicos da região crânio-cervical", lista Felicio.
O neurologista Leandro Teles concorda que o adesivo não é um tratamento de médio e longo prazo, mas defende que cada caso deve ser analisado isoladamente. "Tem gente que só tem uma crise de enxaqueca por mês, mas é uma dor tão forte que a pessoa tem que ir sempre ao pronto-socorro, nesses casos também é importante prevenir", afirma.
A contraindicação do adesivo é para pacientes grávidas e indivíduos com doenças coronárias e cardíacas. "A substância diminui o calibre dos vasos e isso aumenta o risco de infarto", explica Teles.
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