FONTE: Folhapress, CORREIO DA BAHIA.
A
doença costuma não ter sintomas no início, o que faz com que 75% dos casos
sejam diagnosticados em estágios avançados.
Uma nova
estratégia de rastreamento do câncer de ovário pode ajudar no diagnóstico
precoce da doença, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira na
revista “Câncer”. Hoje, não há exame que rastreie esse tipo de tumor
precocemente do mesmo modo que, por exemplo, o papanicolaou identifica câncer
do colo do útero.
Além disso, a
doença costuma não ter sintomas no início, o que faz com que 75% dos casos
sejam diagnosticados em estágios avançados, segundo o Instituto Nacional de
Câncer. A proposta do novo estudo, feito pelo MD Anderson Câncer Center (EUA),
é usar dados de exames de sangue simples, aplicados a um algoritmo, para
classificar mulheres em faixas de risco baixo, intermediário ou alto.
Dependendo dessa classificação, as pacientes, mesmo sem
sintomas, seriam encaminhadas à ultrassonografia transvaginal e, se necessário,
à cirurgia. A pesquisa foi feita com 4.051 mulheres que já tinham feito a
menopausa, quando o câncer é mais comum. Em 11 anos de acompanhamento, foram
descobertos quatro casos da doença, um no estágio mais inicial. “Já é um
avanço em relação ao que temos hoje”, diz o oncologista Rafael Kaliks, do
Hospital Israelita Albert Einstein.
“É um câncer
raro, com sintomas que podem ser relacionados a outras doenças. Esse método é
barato e pode evitar a realização de ultrassonografias desnecessárias.”
Marcador A estratégia do estudo é baseada em um cálculo que considera a
variação do nível da proteína CA125 no sangue. A substância, que aumenta na
presença de tumores malignos, é um marcador já usado no diagnóstico de câncer,
mas de forma isolada, o que tem se mostrado pouco efetivo.
“O nível de CA125 pode subir por outras doenças que não
câncer, como endometriose, e pode continuar normal em tumores em estágio
inicial”, diz Glauco Baiocchi Neto, cirurgião oncologista do A.C.Camargo Cancer
Center. Ao considerar a variação da proteína a partir de duas medições, o
rastreamento ficou mais preciso. “Estudos já relataram que a variação da
substância, mesmo dentro da normalidade, pode indicar risco aumentado do câncer.”
Para Kaliks, a
pesquisa não traz novidade: é uma validação de um modelo já proposto em outros
trabalhos e não justifica uma mudança na forma de rastrear a doença. “De
qualquer forma é interessante. Acho que já vale a pena o ginecologista pensar
em comparar o CA125 ano a ano, colocando nesse modelo que o estudo usou”, diz.
Na opinião do oncologista Jesus Paula Carvalho, do Icesp (Instituto do Câncer
do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), a estratégia só faz sentido
se tiver impacto na redução da mortalidade.
“Ainda precisa ser provado em um estudo grande que isso
teria um impacto na sobrevida a longo prazo”, diz. “Ao que parece, os casos
foram diagnosticados mais precocemente, mas não tanto quanto gostaríamos.” O
estudo definitivo sobre o modelo, segundo os próprios autores do trabalho,
será publicado em 2015 e está sendo feito com mais de 200 mil mulheres no Reino
Unido.
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