FONTE: Priscila Chammas e Joana Rizério (priscila.chammas@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.
Pesquisa
aponta que até 2030 serão 461 mil mulheres a mais do que homens na Bahia. Na
capital baiana, a tendência é de sobrar ainda mais mulheres.
"Do jeito
que a coisa vai, o governo vai ter que importar homens cubanos para ajudar na
procriação por aqui”. A frase foi dita pelo dançarino Vinícius Lopes, assim que
ele soube dos dados divulgados ontem pelo IBGE. Hoje há 130 mil mulheres
a mais do que homens na Bahia. Mas se você, mulher baiana e solteira achou isso
péssimo, saiba que como prega a quase centenária Lei de Murphy, tudo o que está
ruim pode piorar.
Em outras palavras, se você acha que a situação já está difícil agora, reze para Santo Antônio quebrar o seu galho antes de 2030. Pois, pelas projeções, até lá serão 461 mil mulheres a mais na Bahia. Sem contar com outro agravante.
A vendedora Jéssica Coelho, 21 anos, conta que um dia, ao
sair do trabalho,
viu dois homens bonitos passarem. “Não resisti e falei ‘Hum, que delícia!’ para
um deles. O outro virou e gritou: ‘Você não está vendo que ele é gay?’ Fiquei
calada, não disse mais nada”, relembra Jéssica, que concluiu: “Os poucos que têm,
são homossexuais”.
A pesquisa não
fala sobre o número de homossexuais, mas o coordenador de disseminação de
informações Joilson Rodrigues de Souza explica a diferença numérica entre
homens e mulheres. A má notícia (sim, pode ficar pior) para as moradoras de
Salvador é que na capital a tendência é de sobrar ainda mais mulheres.
"A Bahia
tem o maior saldo migratório do país (em 2010, 52,3 mil baianos deixaram o
estado). A maioria desses migrantes é de homens. Mulheres geralmente deixam o
interior para ir para a capital”, explica ele. Ficou curiosa para saber para
onde foi boa parte de nossos homens? “São Paulo é o estado onde há maior troca
populacional com a Bahia”, acrescenta Joilson.
Mas não são só
os homens da Bahia que se mandaram para a cinzenta capital paulista (e seu
entorno). São Paulo é o estado do Brasil que mais recebe migrantes. Em 2010,
foram 42,2 mil. Mas a projeção é de queda. Em 2030, devem ser 29,3 mil,
enquanto da Bahia vão sair 39,3 mil pessoas.
Mortalidade
O outro motivo para a triste (para as mulheres) estatística é a alta
mortalidade entre os homens. “Na faixa entre 18 e 24 anos morrem 5,7 vezes mais
homens do do que mulheres”, diz Joilson, destacando que os valentões costumam
se expor mais aos riscos, como se envolver em brigas, dirigir em alta
velocidade, além de ser maioria no mundo do crime.
Espera aí! Está escrito aí em cima que as estatísticas são tristes para as mulheres? Há quem discorde. “Para mim, quanto menos homem melhor, e quanto mais gays melhor, também”, diz Cinthia Santana, 24 anos, a única opinião dissonante entre algumas mulheres que trabalham numa loja de sapatos do Shopping Center Lapa.
Lésbica
assumida, quando ela soube que em 2030 vão sobrar ainda mais mulheres, logo se
animou. “Vou ficar solteira desde agora. Algumas vão se conformar e mudar para
o meu lado”, riu. Quem também se animou foi o colega Carlos Alberto Reis, 40.
“Por isso que eu não quero me casar tão cedo”.
Mas se você
olhar o gráfico abaixo, verá que nem sempre foi assim. Houve um tempo, não
muito distante, em que as mulheres eram minoria e podiam escolher seus pares
com mais tranquilidade. “Isso tem a ver com o aumento da criminalidade”,
acredita Joilson.
Através de
projeções, o IBGE também descobriu que a população brasileira só irá crescer
até 2042, quando atingirá o contingente de 228,4 milhões de pessoas. A partir
do ano seguinte, ela diminuirá gradualmente e estará em torno de 218,2 milhões
em 2060.
Atualmente,
somos 201 milhões de pessoas (15 milhões na Bahia). A redução se dará em função
da redução do número de filhos por mulher (em 2030 será 1,5 filho, em média).
Por aqui, a curva descendente deve chegar antes. A taxa de crescimento,
que hoje é de 0,58 vezes, em 2030 será de apenas 0,1 vez. A não ser que os tais
homens de Cuba cheguem antes e ajudem na procriação em terras baianas.
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