As extrassístoles são batimentos
cardíacos originados em locais distintos do marcapasso natural do coração,
chamado de nó sinusal ou sinoatrial. As extrassístoles podem ter origem nos
átrios (câmaras cardíacas menores e superiores do coração) ou nos ventrículos
(câmaras cardíacas maiores e inferiores do coração), sendo chamadas de
extrassístoles atriais e ventriculares, respectivamente. As extrassístoles pode
causar palpitações (geralmente descritas como "falhas do batimento
cardíaco") ou serem totalmente assintomáticas.
A presença de extrassístoles é
um achado muito comum. Em exames de monitorização eletrocardiográfica de 24
horas (Holter), cerca de 10 a 20% dos pacientes apresentam extrassístoles
atriais, enquanto que 5 a 10% terão extrassístoles ventriculares, sendo que
essas significam risco aumentado de eventos arrítmicos em pacientes portadores
de doenças cardíacas.
Um estudo teve como objetivo
principal avaliar o significado no longo prazo das extrassístoles encontradas
em eletrocardiograma (registro da atividade elétrica do coração em estado
de repouso), em pacientes de uma comunidade que não tinham doença
cardiovascular conhecida.
Foram acompanhados 7.504
pacientes, com idade média de 60 anos, avaliados de 1988 a 1994, e seguidos até
2006, sem doença cardiovascular conhecida. Os desfechos avaliados foram
mortalidade total, morte de origem cardiovascular e morte por cardiopatia
isquêmica (infarto do miocárdio fatal, por exemplo).
No eletrocardiograma, 89 (1,2%)
apresentaram extrassístoles atriais, enquanto 110 (1,5%) ventriculares. Em um
seguimento de até 18 anos, houve 2.386 óbitos, sendo 963 por problemas
cardiovasculares e 511 por cardiopatia isquêmica.
Após uma criteriosa análise
estatística, os autores concluíram que a presença de extrassístoles atriais
apresentou associação significativa com aumento do risco de mortalidade total,
cardiovascular e por cardiopatia isquêmica. Em relação às extrassístoles
ventriculares, não foi encontrada essa relação para mortalidade total,
cardiovascular ou por cardiopatia isquêmica.
A conclusão do trabalho é que
somente extrassístoles atriais tem significado prognóstico de mortalidade em
pacientes sem doença cardiovascular conhecida.
Devemos ressaltar que a
população estudada era de pacientes mais velhos, desta forma, o resultado desse
estudo não deve ser extrapolado para pacientes mais jovens. As extrassístoles
atriais, principalmente em pessoas mais velhas, podem estar associadas à
fibrose cardíaca e arritmias mais graves, como a fibrilação atrial, a qual pode
causar o acidente vascular cerebral.
*** American Journal of Cardiology.
Dr.
Tufi Dippe Jr
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