sábado, 31 de outubro de 2009

DIAGNÓSTICO DA MENINGITE É DIFÍCIL EM ALGUNS HOSPITAIS...

FONTE: Roberta Cerqueira (TRIBUNA DA BAHIA).

Especializado neste tipo de procedimento, o infectologista e linquorologista Otávio Augusto Moreno de Carvalho atende solicitações de diversos hospitais particulares da capital. "No caso de bairros mais distantes é inviável para nossa equipe, pois uma demora acima de três horas, no transporte do material, pode alterar o resultado", alerta, explicando que nestes casos é pedido ao próprio hospital que colha e traga a substância ao laboratório especializado.
O médico lembra ainda que a coleta do líquor trata-se de um procedimento médico cirúrgico, que requer treinamento. "Por isso nem todo médico está habilitado", reforça.
Para ele não há razão para pânico. "Acredito que tanto o setor privado quanto o público estão preparados para um possível surto, até porque os casos continuam ocorrendo durante todo o ano, isto não é novidade, a questão é que as pessoas se apavoram quando um caso tem repercussão na mídia".
Mesmo assim o médico recomenda o uso da vacina a quem tiver acesso. O problema é que imunização é cara nas clínicas particulares. Sendo disponibilizada gratuitamente na rede pública, apenas a vacina contra a meningite bacteriana hemófilos para crianças de dois meses a cinco anos e onze meses – fase em que ocorre a maior incidência. Já contra a meningite bacteriana meningocócica tipo C a vacina só é disponibilizada em situações especiais – pessoas com anemia falciforme, portadores de HIV até 13 anos e deficientes imunológicos.
No Hospital Couto Maia, especializado em doenças infecciosas, todos os médicos são capacitados a realizar o exame do líquor. "Eles foram treinados aqui mesmo", conta, a médica clínica e diretora médica do hospital. Para ela, a falta de profissionais para colher o líquido nos hospitais particulares se deve a menor freqüência de casos nestas unidades de saúde. "Meningite é uma doença que acomete mais a população de baixa renda", diz, contabilizando 28 pacientes internados por meningite, sendo oito do tipo meningocócica.
A meningite é uma inflamação das meninges – membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal. Ela pode ser causada, principalmente, por vírus ou bactérias. O quadro das meningites virais é mais leve e seus sintomas se assemelham aos da gripe e resfriados. Entretanto, a bacteriana – causada principalmente pelos meningococos, pneumococos ou hemófilos – é altamente contagiosa e geralmente grave. Ela, causada pela Neisseria meningitidis, pode desenvolver inflamação nas meninges e, também, infecção generalizada (meningococcemia). O ser humano é o único hospedeiro natural desta bactéria cujas sequelas podem ser variadas: desde dificuldades no aprendizado até paralisia cerebral, passando por problemas como surdez.

TRANSMISSÃO –
Pelo contato da saliva ou gotículas de saliva da pessoa doente com os órgãos respiratórios de um indivíduo saudável, levando a bactéria para o sistema circulatório aproximadamente cinco dias após o contágio. Como crianças de até 6 anos de idade ainda não têm seus sistemas imunológicos completamente consolidados, são elas as mais vulneráveis. Idosos e imunodeprimidos também fazem parte do grupo de maior suscetibilidade.

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