segunda-feira, 3 de maio de 2010

A ASMA MATA...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.

Embora esteja prevista a liberação gratuita de medicações para a asma no SUS, a maioria das equipes de atenção básica ou saúde da família no Brasil não está capacitada para orientar o tratamento.
Estas são algumas impressões do médico Álvaro Cruz, professor da Faculdade de Medicina da UFBA, consultor da OMS – Organização Mundial da Saúde para doenças respiratórias crônicas, e fundador do ProAR na Bahia. Ele avalia que, no Brasil, ainda é necessário aumentar o entendimento da asma entre os profissionais e gestores de saúde, assim como no público em geral.
“Ampliar este reconhecimento será um passo decisivo para a adoção de políticas e práticas que previnam as crises decorrentes da doença e diminuam o número de mortes, devendo também reduzir o gasto anual do SUS por paciente com asma, englobando aí o número de internamentos, atendimentos de emergência, despesas com remédios e tratamento hospitalar”.
O que é a asma - Sabe-se que a asma é uma doença não curável e que precisa ser acompanhada por toda a vida. Frequentemente é confundida com gripes recorrentes ou mal curadas, mas que, na verdade, é uma doença crônica dos pulmões. Um tipo especial de inflamação que dificulta a passagem do ar e que é, muitas vezes, identificada como bronquite. Ela provoca chiado e aperto no peito, falta de ar e tosses repetidas. É mais comum na infância, mas acomete também adultos e pessoas idosas.
A asma não tem causa única, resulta de múltiplos fatores genéticos e do ambiente. Os sintomas são provocados geralmente por resfriados, por inalação de substâncias que provocam alergia (em geral poeira e mofo) ou irritantes do aparelho respiratório, principalmente fumaça. A estratégia de prevenção requer a identificação de fatores de risco relevantes individuais.
O controle adequado da asma permite que a pessoa tenha uma vida inteiramente normal, sem qualquer limitação. Há inúmeros campeões olímpicos de modalidades variadas do esporte que têm asma, como as celebridades da natação Mark Spitz e Fernando Scherer, que desenvolvem as suas atividades sociais e profissionais normalmente em decorrência do acompanhamento preventivo. Em alguns casos o exercício físico pode precipitar sintomas, mas isso pode ser controlado com tratamento para permitir que os seus portadores desenvolvam atividades físicas regulares.

300 MILHÕES NO MUNDO.
A Organização Mundial da Saúde estima a existência de 300 milhões de asmáticos em todo o mundo. No Brasil, cerca de 20% da população tem sintomas da doença, que é uma das principais causas de internações pelo Sistema Único de Saúde, segundo a base de dados do Ministério da Saúde.
Esta constatação e a necessidade de reconhecimento da asma como um problema que deveria ter mais a atenção da saúde pública no país, levaram o médico Álvaro Cruz, depois de dois anos trabalhando em Genebra, para a OMS, a trazer para o Brasil, com o apoio de mais de 100 médicos brasileiros, a representação da organização internacional conhecida como Iniciativa Global Contra a Asma (GINA), que é uma Ong sem fins lucrativos e que vem atuando em diversos países disseminando e promovendo a implementação das melhores práticas para o controle da doença.
Falando pela GINA, que começa a operar no Brasil no Dia Mundial da Asma, o médico Rafael Stelmach, pneumologista do INCOR, revela que a meta mundial da organização é de reduzir em 50%, até 2015, os internamentos por asma. Evocando o exemplo da Finlândia, que segue as orientações da GINA, ele afirma que naquele país – através de um amplo programa de educação dos médicos de atenção básica à saúde – foi possível que as hospitalizações e mortes por asma chegassem perto de zero.
Em Salvador, bons resultados também vêm sendo obtidos. Em três anos, após a criação do ProAR em 2003, as internações por asma foram reduzidas em 74%, assegura o médico Adelmir Souza-Machado, atual coordenador do Programa. “As despesas anuais do Sistema Único de Saúde por paciente com asma, incluindo remédios e tratamento hospitalar caíram de R$ 1.725 para R$ 835”.
Mais significativo é que o tratamento preventivo e a medicação distribuída gratuitamente pelo ProAR, reduziram ainda mais a despesa média das famílias. “Um caso de asma grave que levava 29% de toda a renda de um núcleo familiar, antes da admissão dos pacientes no Programa, deixou de dar esta despesa à família”, afirmou Aldemir.

É UM TORMENTO FAMILIAR.
Quando não acompanhada adequadamente, a asma provoca grande desconforto e sofrimento no seio familiar, além dos gastos, tirando as crianças das escolas e os adultos do trabalho com os frequentes atendimentos de emergência e hospitalizações, podendo levar à morte por asfixia.
É possível, todavia, controlá-la com medicações eficazes e seguras. Através do tratamento adequado pode-se reduzir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e diminuir os custos para as famílias e o para o SUS. Há dois tipos de remédios para a doença: as medicações broncodilatadoras para o alívio imediato dos sintomas, por aumentarem a passagem do ar ( como se usa em nebulizações ou “bombinhas”), e as medicações para combater a inflamação nos brônquios e prevenir as crises.

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