quinta-feira, 20 de maio de 2010

CERCA DE 75% DAS MULHERES COM ENXAQUECA MELHORAM DURANTE A GRAVIDEZ...

FONTE: Tatiana Pronin, Editora do UOL Ciência e Saúde (noticias.uol.com.br).
Cerca de 20% das mulheres sofrem de enxaqueca, o que é um número considerável. O problema pode ser deflagrado por oscilações hormonais, por isso é tão comum no sexo feminino. Com orientação adequada e, em muitos casos, o uso de medicamentos preventivos, é possível controlar as crises. Mas, e quando a mulher decide engravidar?
De acordo com o neurologista Abouch Krymchantowski, administrar as cefaleias, de um modo geral (a enxaqueca é apenas um dos vários tipos existentes), não é tarefa simples quando a paciente está gravida, já que são poucos os medicamentos permitidos para gestantes. Quem faz tratamento costuma receber a orientação de adotar algum método contraceptivo.
A boa notícia é que cerca de 75% das mulheres com o problema melhoram quando ficam grávidas. “Os hormônios produzidos na gravidez protegem a mulher da cascata química que leva à enxaqueca”, afirma o médico.
Aproximadamente 15% das mulheres permanecem com o mesmo padrão de enxaqueca e outras 10% têm o problema agravado durante a gravidez. Muitas mulheres que nunca tiveram os sintomas, inclusive, começam a ter crises somente após engravidar, em especial nos três primeiros meses, fase mais crítica para o consumo de drogas.
Decidir entre tomar remédio ou não é algo que deve ser decidido após uma análise criteriosa dos riscos e benefícios, como ressalta o neurologista.
Como não é ético fazer pesquisas de medicamentos com grávidas, é difícil que algum fármaco seja apresentado como 100% seguro para esse público. O que existe são relatos de uso em mulheres que engravidaram sem planejar e continuaram tomando a substância. A partir desse tipo de monitoramento, explica Krymchantowski, já foi possível estabelecer a segurança de algumas drogas. “Mesmo assim, quando a gestante opta pelo remédio e o bebê nasce com alguma anomalia, ainda que o problema não pareça relacionado com o uso da substância é difícil para a mulher perdoar a si mesma e ao médico”, relata.
Um dos poucos analgésicos permitidos às grávidas é o paracetamol (princípio ativo do Tylenol). Mas é preciso cautela, pois o abuso da substância pode prejudicar o fígado. Para muitos casos de enxaqueca, no entanto, o remédio não resolve. Tomar um café forte, algo que segundo o neurologista também pode ajudar quando não há analgésicos à mão, também é contraindicado por muitos obstetras, pois a cafeína acelera os batimentos cardíacos do bebê.
DICAS.
Para aliviar os sintomas da enxaqueca de forma natural, o médico recomenda repouso durante as crises, compressas geladas na cabeça (que ajudam a contrair os vasos) e técnicas de relaxamento, como alongamentos e massagens.
Também é aconselhável evitar situações ou alimentos que podem deflagrar a enxaqueca. Estresse e variações no padrão de sono (dormir pouco ou demais), assim como o consumo de queijos, embutidos, chocolate, aspartame e frutas cítricas, costumam ser gatilhos para boa parte das pessoas que têm o problema.
Outra alternativa que pode ter efeito, segundo Krymchantowski, é a acupuntura. “Eu recomendo a técnica como acessória ao tratamento”, diz.
PÓS-PARTO.
A engenheira de segurança Margareth Fernandes Ribeiro, de 39 anos, passou cerca de dez anos sem saber que sofria de enxaqueca, pois um médico atribuiu suas dores a uma sinusite. Por causa do diagnóstico incorreto e do uso de remédios que não eram indicados para o quadro, ela passou a ter dores cada vez mais frequentes. “Tinha duas, três crises por semana e quase desmaiava de dor”, lembra.
Depois de ser medicada adequadamente pelo neurologista, a enxaqueca foi controlada. Mas o tratamento teve que ser interrompido assim que ela descobriu que estava grávida. Para sua sorte, ela faz parte do grupo de mulheres que se beneficia da gestação e não teve uma crise, sequer, durante os nove meses.
Dois meses após o parto, no entanto, as dores voltaram. “O Tylenol ajudava, mas não resolvia”, comenta. Seguindo à risca os conselhos do médico para evitar os fatores deflagradores da enxaqueca, ela conseguiu administrar as crises até os seis meses do bebê, quando deixou de dar de mamar para poder voltar aos remédios.
HORMÔNIOS.
Depois de dar à luz, a engenheira notou que sua enxaqueca ficou diferente. “Passei a ter crises só antes do período menstrual”, conta. Krymchantowski diz que esse padrão é bastante comum entre as mulheres, já que a enxaqueca está ligada a oscilações no nível de estrogênio. O uso de anticoncepcionais muitas vezes deve ser suspenso, quando há piora dos sintomas, ou então a pílula é administrada de forma contínua, para evitar os picos hormonais.
Muitas mulheres só se livram da doença de vez na menopausa, período em que a produção de estrogênio cai. Mas as que fazem reposição hormonal costumam ter o problema agravado. Nesses casos, é preciso que neurologista e ginecologista atuem em parceria, para ajustar a terapia e evitar as crises.

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