segunda-feira, 3 de maio de 2010

A CRENÇA DE CADA UM...

FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.

Todo mundo sabe que uma das candidatas a presidente da República, a ex-ministra Marina Silva, ex-PT e hoje do PV, é evangélica.Na noite de sábado, ao participar de um evento religioso em Camboriú, Santa Catarina – o 28º Congresso Internacional de Missões dos Gideões Missionários da Última Hora, promovido pela Assembleia de Deus – o candidato do PSDB a presidente da República, José Serra, falando para 10 mil pessoas, fez um discurso cheio de referências à Bíblia e pediu orações.
Serra começou o discurso repetindo uma saudação dos evangélicos – “Que todos estejam com a paz do Senhor” – e em seguida pediu ao povo que orasse, explicando: “Peçam que Ele me dê sabedoria para enfrentar as batalhas daqui por diante. Todas elas voltadas ao progresso do país”. Mas o candidato tucano a presidente não disse a qual denominação religiosa se considera ligado.
Nem teria essa obrigação, ainda que citando a Bíblia e pedindo à multidão que estava ali orações para que o Senhor lhe desse sabedoria. Com isso dava um sinal de que é espiritualista. Poderia ter uma crença judaica, católica ou evangélica, mas a rigor poderia ser bramanista e citar a Bíblia sem problema nenhum e, aprofundando o entendimento espiritual, também não seria incoerente que citasse a Bíblia se fosse budista ou islamita, já que Jesus é considerado um dos principais profetas pelos muçulmanos.
Mas a ligação de Serra tem sido com a Igreja Católica. Nos seus tempos de estudante, ele foi eleito presidente da UNE com o apoio essencial da Juventude Católica, à qual era ligado. E onde foram recrutados quadros para a Ação Popular (AP), da qual Serra foi um dos fundadores, em evento realizado em Salvador. Era uma organização ligada à esquerda católica e outro que a integrou foi o ex-presidente FHC. Na Bahia, por exemplo, Fernando Schmidt, competente executivo que é hoje chefe do Gabinete do Governador. Serra teve sempre essa ligação com o catolicismo. Quando a AP fundiu-se ao PC do B, ele não acompanhou.
Mas Dilma Rousseff – a candidata do PT a presidente por obra e graça, não, não é isso que você pode estar pensando, foi por obra e graça de Lula – também entrou, na semana passada, na área religiosa. Não porque quis. Mas porque a surpreenderam com uma pergunta direta quando falava com jornalistas. A resposta foi uma confusão, muito mais que uma confissão. Bem, ela deu a impressão de que não pensara antes no assunto. Disse achar que há uma “força superior”, e que ela, Dilma, vai se “equilibrando assim”, então disse que tinha uma cultura familiar católica (não disse que integrou o revolucionário grupo Política Operária – Polop, organização anarquista barra pesada e, por definição, materialista) e então completou, peremptória: “Sim, é isso, eu sou católica”. Pois é. É?

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