terça-feira, 4 de maio de 2010

PAROU TUDO!...

FONTE: Rodrigo Lago, TRIBUNA DA BAHIA.

Totalmente ‘abandonadas’. Assim permanecem desde o último dia 15, início da greve dos trabalhadores da construção pesada, as principais obras públicas em Salvador, Xique-Xique, Barreiras, regiões do Baixo Sul e Recôncavo baiano, causando atrasos e mais atrasos, tanto no desenvolvimento das regiões quanto na vida de milhares de baianos.
Em todo o Estado, são 30 mil trabalhadores de braços cruzados, enquanto que na capital baiana 10 mil trabalhadores e cerca de 15 empresas paradas há mais de dezoito dias, totalizando mais de 20 obras sem avanços.
Os canteiros da maior obra, a da Via Expressa, consequentemente também a mais afetada, parecem locais que foram abandonados às pressas: máquinas e materiais de trabalho estão à migué, espalhados e aparentemente sem nenhum tipo de resguardo.
Na Rótula do Abacaxi há material de construção por toda a área, como anéis de ferro. Um comerciante que trabalha na Avenida Barros Reis, que preferiu não se identificar, afirmou ter visto durante o último final de semana, homens num carro modelo Pampa recolherem rapidamente alguns materiais de ferro.
“Foi tudo muito rápido, o motorista logo tratou de arrancar bruscamente. É roubo.”, denunciou. A reportagem não conseguiu identificar nenhum segurança na Rótula do Abacaxi, ontem pela manhã.
Na Estrada da Rainha, onde está sendo construído o túnel até Águas de Meninos, o local só não está totalmente ermo devido à presença de cinco seguranças que permanecem no local, justamente para evitar que as máquinas pesadas e os materiais de construção sejam transformados em alvos de surrupio. “Quem não quer uma boa quantidade de brita, de areia. A gente fica aqui de olho em tudo até que a greve termine”, disse um dos seguranças do local.
As obras do Canal do Imbuí, já em fase de finalização, também foram paralisadas com a greve. Na praça construída, estão espalhados diversos pedaços de grama dispostos amontoados um em cima do outro, numa parte asfaltada. Seriam colocados certamente na praça, mas sem os cuidados necessários ficaram secas e provavelmente não poderão ser mais aproveitados.
“Isso é dinheiro público jogado no lixo. Eu peguei um pedaço que ia morrer mesmo para colocar na casa de meu filho”, disse a aposentada Maria das Graças Nascimento, enquanto caminhava na área da obra.
A assessoria da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), órgão responsável pela obra da Via Expressa, informou que espera que tudo se resolva da melhor forma possível entre empregados e empregadores. Quanto à paralisação atrasar o cronograma, a Conder vai aguardar o fim do movimento grevista para fazer uma nova avaliação e, caso seja necessário, alterar o planejamento. Por enquanto, a previsão de inauguração do complexo viário da Rótula do Abacaxi é 30 de junho.

PRINCIPAIS OBRAS PARALISADAS.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Pesada e Montagem do Estado da Bahia (Sintepav), Irailson Warneaux, em Salvador, as maiores obras afetadas são a Via Expressa e o Emissário Submarino de Jaguaribe/Canal do Imbuí.
No interior estão paralisadas obras como a barragem de Xique-Xique, a pavimentação asfáltica da estrada Vera Cruz-Santo Antônio de Jesus e as PCH´s (Pequenas Centrais Hidrelétricas) em São Desidério.

SETE RODADAS DE NEGOCIAÇÃO.
No total ocorreram sete rodadas de negociação (Nos dias 11/03, 16/03, 24/03, 30/03, 12/04, 14/04 e 28/04). No dia 12 de abril, durante audiência de mediação, o Ministério Público do Trabalho, apresentou a proposta de 12% de reajuste salarial, sendo 10% retroativo ao mês de março e 2% a ser reajustado a partir do mês de agosto; Cesta básica de R$ 110,00; Horas extras de segunda a sexta a 60% e sábados a 100%; Jornada de trabalho de segunda a sexta entre outras reivindicações.
A proposta foi aceita pelos trabalhadores, mas na rodada de negociação ocorrida no dia 14/04, o patronal retrocedeu num episodio nunca visto antes na história do movimento sindical durante as rodadas de negociação e apresentou a proposta de reajuste de apenas 7%, o que motivou a greve da categoria em todo Estado no dia 15/04.
“Para o sindicato é estranha à posição do sindicato patronal, de aceitar a proposta do MPT e depois negar o acordado. Se há interesses inconfessáveis, e que algumas empresas desejam utilizar a negociação como biombo para seus desideratos, a negociação coletiva dos trabalhadores não se prestará e nem aceitará essa utilização.
Os trabalhadores desejam que a negociação reflita o crescimento do setor e a riqueza gerada seja redistribuída em forma de melhores salários, saúde e segurança no trabalho e mais benefícios sociais. A greve continuará por tempo indeterminado”, afirma Bebeto Galvão, presidente do Sintepav.
A diretora de Relações de Trabalho do Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada e Infraestrutura (Sinicon), Reinilda Cavalcanti, não foi encontrada pela reportagem para falar sobre o assunto.
MANIFESTAÇÕES – A primeira manifestação ocorreu no dia 13 de abril com a participação de aproximadamente 600 trabalhadores que realizaram uma caminhada da Rótula do Abacaxi até o Campo da Pólvora. No dia 22 de abril ocorreu a segunda manifestação com a presença de aproximadamente 700 trabalhadores, que paralisaram o trânsito na Rotula. A manifestação foi encerrada no Aquidabã com uma assembleia realizada pelo presidente do Sintepav, Bebeto Galvão. Nego negociação nada feito.

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