FONTE: *** WILSON DELL’ISOLA, COLABORAÇÃO PARA O UOL (estilo.uol.com.br).
Em meio a assuntos descontraídos, não é raro ouvir o termo ressaca moral. A expressão, muitas vezes associada à traição, é atribuída a alguma besteira colossal que se tenha feito – seja por ter armado um barraco numa festa por ciúme, seja por ter transado com alguém minutos depois do primeiro “oi”. Com um toque de culpa, a ressaca moral é uma sensação psicológica ruim, causada por algum momento ou situação desagradável que se tenha vivido. Assim como a ressaca normal, a moral aparece no dia seguinte – ou nos dias seguintes – e com lembranças que corroem a mente do ressacado.
Ela se manifesta de formas e por razões diferentes. É o caso, por exemplo, do sujeito que dá em cima da namorada do amigo, ou da outra que desmaia durante uma cerimônia de casamento, ou ainda daquele que resolve se soltar em excesso na festa da empresa. Este tipo de ressaca se enquadra em diversos fatores de constrangimentos e arrependimentos – sempre, é claro, acompanhado do sentimento de culpa.
“Esse arrependimento que sentimos é um sinal interno nos avisando que fizemos ou falamos algo que não achamos que foi bom, que ultrapassamos nossa noção de limites de conduta. Estas linhas foram construídas em cada pessoa pelo decorrer da vida, desde o nascimento, levando em conta relacionamento familiar, ambiente social e circunstâncias observadas no dia a dia. Esse mal-estar fica vivo como uma cobrança interna em nossa mente”, explica a psicóloga clínica Célia Maria Aparecida de Mattos Lourenço Menezes.
ÁLCOOL LIBERA.
Fortes dores de cabeça, corpo dolorido, boca seca, mal-estar generalizado, água com limão no café da manhã. Todas as características de uma ressaca clássica, por mais irritantes que sejam, não são piores que os efeitos de uma ressaca moral. Esta segunda, entretanto, em muitas ocasiões, vem junto com a ressaca causada pelo álcool. “Quando, por exemplo, uma pessoa bebe, ela desconsidera os seus limites e abre uma porta para fazer coisas que ela mesma considera uma afronta à moralidade. No momento em que o efeito do álcool diminui, surge o medo das consequências, que sugerem a possibilidade de uma punição. E para isso não há distinção de gêneros. Tanto o homem quanto a mulher são controlados não só pela instância moral, mas também pelo papel da própria realidade na regulação de suas ações. Beber ajuda a liberar o freio que inibe suas atitudes”, explica Célia.
No caso de Rodrigo*, 26 anos, estudante de letras, o álcool foi o facilitador de uma traição. Vivendo um relacionamento de cinco anos, o estudante foi a uma festa e, estimulado pelos amigos e pelo excesso de bebida, envolveu-se com uma garota. “Depois daquela noite, passei uma semana me culpando pelo que fiz e resolvi contar para minha namorada. Também não teria como esconder por muito tempo, porque ela mesma havia estranhado minha mudança de comportamento, pois passei a ser mais romântico do que de costume. Foi difícil, mas ela me perdoou. Hoje sou bem mais controlado, inclusive nas bebidas”, revela Rodrigo.
Amanda*, 24 anos, jornalista, também sob efeito do álcool, conta dois constrangimentos que lhe causaram arrependimentos. O primeiro, em uma festa da empresa em que trabalhava, ela conta que dançou empolgadamente hits de Michael Jackson e de Madonna, de forma que destoava da maneira contida dos colegas. “No dia seguinte, as pessoas me davam tapinhas nas costas, com uma risadinha de canto. Essa situação me acompanhou até o dia em que saí da empresa”, lembra. Pouco tempo depois, após muitas taças de vinho branco na faculdade, na van que a levava para a casa, Amanda fez uma defesa ferrenha - para todo mundo ouvir - sobre masturbação feminina. “Não sei de onde veio o assunto, mas eu dizia que as meninas tinham de buscar formas de prazer. Mas depois que passou meu pilequezinho, eu me arrependi muito, mas ninguém esqueceu. Só para ter uma ideia, cinco anos depois, encontrei um amigo que presenciou o fato e, antes de me cumprimentar, ele fez piadinhas sobre aquele sobre aquele discurso”, conta.
SOLUÇÃO? TEMPO!
O tempo é o melhor dos conselheiros, já diria a sábia frase popular. “O que vai diferenciar a forma de como cada um vai vivenciar essa situação é a maneira de lidar com os sentimentos de culpa, com suas necessidades narcísicas. Assim, sempre que vivenciamos uma dor da alma, o melhor a fazer é esperar e tentar minimizar essa dor. Sempre vamos ter algo do que nos arrepender, faz parte da natureza humana”, pondera Célia.
Assim como a ressaca alcoólica, a ressaca moral não mata. A primeira geralmente incomoda apenas no dia seguinte. A segunda pode até demorar mais tempo, mas também passa - até mesmo nos casos mais complexos. Por isso, o recomendável é não tomar decisões em meio às dores da alma. O melhor é esperar e tentar dar a volta por cima. Funciona na maior parte dos casos. Até para quem tentou cantar a mulher do amigo, dançou empolgado na festa da firma ou desmaiou durante um casamento.
Ela se manifesta de formas e por razões diferentes. É o caso, por exemplo, do sujeito que dá em cima da namorada do amigo, ou da outra que desmaia durante uma cerimônia de casamento, ou ainda daquele que resolve se soltar em excesso na festa da empresa. Este tipo de ressaca se enquadra em diversos fatores de constrangimentos e arrependimentos – sempre, é claro, acompanhado do sentimento de culpa.
“Esse arrependimento que sentimos é um sinal interno nos avisando que fizemos ou falamos algo que não achamos que foi bom, que ultrapassamos nossa noção de limites de conduta. Estas linhas foram construídas em cada pessoa pelo decorrer da vida, desde o nascimento, levando em conta relacionamento familiar, ambiente social e circunstâncias observadas no dia a dia. Esse mal-estar fica vivo como uma cobrança interna em nossa mente”, explica a psicóloga clínica Célia Maria Aparecida de Mattos Lourenço Menezes.
ÁLCOOL LIBERA.
Fortes dores de cabeça, corpo dolorido, boca seca, mal-estar generalizado, água com limão no café da manhã. Todas as características de uma ressaca clássica, por mais irritantes que sejam, não são piores que os efeitos de uma ressaca moral. Esta segunda, entretanto, em muitas ocasiões, vem junto com a ressaca causada pelo álcool. “Quando, por exemplo, uma pessoa bebe, ela desconsidera os seus limites e abre uma porta para fazer coisas que ela mesma considera uma afronta à moralidade. No momento em que o efeito do álcool diminui, surge o medo das consequências, que sugerem a possibilidade de uma punição. E para isso não há distinção de gêneros. Tanto o homem quanto a mulher são controlados não só pela instância moral, mas também pelo papel da própria realidade na regulação de suas ações. Beber ajuda a liberar o freio que inibe suas atitudes”, explica Célia.
No caso de Rodrigo*, 26 anos, estudante de letras, o álcool foi o facilitador de uma traição. Vivendo um relacionamento de cinco anos, o estudante foi a uma festa e, estimulado pelos amigos e pelo excesso de bebida, envolveu-se com uma garota. “Depois daquela noite, passei uma semana me culpando pelo que fiz e resolvi contar para minha namorada. Também não teria como esconder por muito tempo, porque ela mesma havia estranhado minha mudança de comportamento, pois passei a ser mais romântico do que de costume. Foi difícil, mas ela me perdoou. Hoje sou bem mais controlado, inclusive nas bebidas”, revela Rodrigo.
Amanda*, 24 anos, jornalista, também sob efeito do álcool, conta dois constrangimentos que lhe causaram arrependimentos. O primeiro, em uma festa da empresa em que trabalhava, ela conta que dançou empolgadamente hits de Michael Jackson e de Madonna, de forma que destoava da maneira contida dos colegas. “No dia seguinte, as pessoas me davam tapinhas nas costas, com uma risadinha de canto. Essa situação me acompanhou até o dia em que saí da empresa”, lembra. Pouco tempo depois, após muitas taças de vinho branco na faculdade, na van que a levava para a casa, Amanda fez uma defesa ferrenha - para todo mundo ouvir - sobre masturbação feminina. “Não sei de onde veio o assunto, mas eu dizia que as meninas tinham de buscar formas de prazer. Mas depois que passou meu pilequezinho, eu me arrependi muito, mas ninguém esqueceu. Só para ter uma ideia, cinco anos depois, encontrei um amigo que presenciou o fato e, antes de me cumprimentar, ele fez piadinhas sobre aquele sobre aquele discurso”, conta.
SOLUÇÃO? TEMPO!
O tempo é o melhor dos conselheiros, já diria a sábia frase popular. “O que vai diferenciar a forma de como cada um vai vivenciar essa situação é a maneira de lidar com os sentimentos de culpa, com suas necessidades narcísicas. Assim, sempre que vivenciamos uma dor da alma, o melhor a fazer é esperar e tentar minimizar essa dor. Sempre vamos ter algo do que nos arrepender, faz parte da natureza humana”, pondera Célia.
Assim como a ressaca alcoólica, a ressaca moral não mata. A primeira geralmente incomoda apenas no dia seguinte. A segunda pode até demorar mais tempo, mas também passa - até mesmo nos casos mais complexos. Por isso, o recomendável é não tomar decisões em meio às dores da alma. O melhor é esperar e tentar dar a volta por cima. Funciona na maior parte dos casos. Até para quem tentou cantar a mulher do amigo, dançou empolgado na festa da firma ou desmaiou durante um casamento.
*** Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário