A resposta é: ambos. Mas depende de como se faz isso. Competir para vencer se mostrou ruim para as relações sociais das meninas e também está ligado ao aumento dos níveis de sentimentos depressivos, mas em níveis menores daqueles vistos nos meninos. Já competir para se superar mostrou benefícios para ambos os sexos.
O estudo, conduzido por David Hibbard, da Universidade Estadual da Califórnia, e Duane Buhmester, da Universidade do Texas, ambas nos EUA, mostrou a influência da competitividade no bem-estar psicológico e nas interações sociais em adolescentes. Os resultados foram publicados no periódico Sex Roles.
A competitividade se mostrou tanto uma virtude quanto um vício. A vitória de uma pessoa pode ser a perda de outro alguém. Quando levada muito a sério, o sentimento que prevalece é de egoísmo (se achar melhor que os outros). Consequentemente, a competitividade pode levar a sérios problemas de sociabilidade ou emocionais, com consequências diferentes em meninos e meninas.
Mas as implicações da competitividade, tanto para homens quanto para mulheres, na adolescência – uma época de formação da própria identidade – envolve diversos níveis de ambição e competição com os pares e ainda não foram muito estudadas. E é bom lembrar que paralelamente a tudo isso há o desenvolvimento dos círculos de amizade com maior nível de comprometimento e o início dos relacionamentos afetivos.
DOMINAR E SE ISOLAR?
Hibbard e Buhmester analisaram os efeitos desses dois tipos de competitividade no desenvolvimento psicológico e social dos adolescentes: a competição para vencer, ou seja, dominar ou ser melhor que os outros, e a competição para se superar, onde há metas pessoais a serem alcançadas.
Para o estudo os pesquisadores entrevistaram mais de cem adolescentes cursando os últimos anos do ensino médio, assim como seus pais e amigos. Além disso, foram observados fatores como autoestima, sintomas depressivos, solidão, nível de agressividade, qualidade dos relacionamentos interpessoais e desempenho acadêmico.
O que eles observaram foi que as meninas que competiam para vencer tinham maiores níveis de depressão e sentimento de solidão, assim como círculos de amizades menores. Competir para se superar, em compensação, se mostrou ser positivo para a autoestima e para diminuir os níveis de depressão em ambos os sexos.
Os pesquisadores concluem que o sentimento de competição é algo que pode ser ambivalente: de um lado ter objetivos pessoais e procurar superá-los é extremamente positivo; de outro, a competição vista como modo de se destacar em detrimento de outros indivíduos parece ter grande impacto socioemocional, especialmente para as meninas, aumentando o isolamento e os riscos para o desenvolvimento de transtornos depressivos.
*** com informações do Springer’s Sex Roles.
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