FONTE: JULIANA VINES, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA (www1.folha.uol.com.br).
Aumentam os casos de lesões de joelho entre crianças e adolescentes. Segundo o Instituto do Joelho do Hospital do Coração (HCor), o número de fraturas e torções nesse público subiu 15% ao ano na última década.
O levantamento do hospital mostra problemas nas cartilagens e nos ligamentos da articulação, o que preocupa os especialistas, porque esse tipo de lesão pode comprometer o crescimento.
Segundo o chefe do Instituto do Joelho e ortopedista Rene Abdalla, a alta nas lesões entre crianças está acima da média registrada na literatura internacional. O médico afirma que os garotos estão se tornando "atletas de fim de semana".
Para ele, a combinação de rotina sedentária com atividades de impacto eventuais é a principal causa de lesões. "A prática é menos frequente e, ao mesmo tempo, mais competitiva."
As principais modalidades vilãs do joelho são futebol, vôlei, basquete e skate. "Envolvem mudança brusca de movimento e saltos. O futebol tem as duas coisas", diz o chefe de medicina esportiva do IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo), Arnaldo Hernandez.
Outro agravante, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Claudio Santili, é o fato de as crianças praticarem apenas um tipo de atividade, o que sobrecarrega um grupo muscular.
"O certo seria alternar um esporte de impacto com outros que estimulem o alongamento, como futebol com natação ou vôlei com alguma arte marcial", explica Santili.
Com o esporte fora da rotina, um descuido pode acabar em torção ou fratura. O mais comum é o descolamento da chamada cartilagem do crescimento, que fica na tíbia e no fêmur. "Lesões nessa placa podem causar diferença no desenvolvimento dos membros", diz Hernandez.
Os casos costumam ser tão sérios que quase sempre acabam na mesa de cirurgia. Mesmo assim, a recuperação nem sempre é satisfatória.
"A própria cirurgia pode interferir no crescimento", completa o chefe do IOT.
Uma forma de fugir das lesões seria evitar esportes de competição antes dos 12 anos e investir em diversidade. "As crianças devem fazer atividades adequadas para sua faixa etária sem pensar em resultados", diz Santili.
FALTA DE ROTINA
Em mulheres, o número de lesões de joelho também vem aumentando: 30% ao ano. A principal causa é a falta de regularidade na academia, na corrida ou na caminhada.
Em mulheres, o número de lesões de joelho também vem aumentando: 30% ao ano. A principal causa é a falta de regularidade na academia, na corrida ou na caminhada.
"As mulheres não mantêm a atividade e têm bastante alteração no peso", afirma Abdalla. Isso sobrecarrega o joelho, o que a médio prazo causa tendinites e desgaste progressivo das cartilagens.
A evolução desse quadro pode causar artrite e até levar à implantação de prótese. Para evitar as lesões, Abdalla recomenda manter um ritmo de exercícios.
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