sábado, 28 de agosto de 2010

A FORÇA DO HÁBITO...


Para tudo há solução, só para a morte é que não. Deus é pai, Deus sabe, Deus entende. Melhor não falar a verdade para não magoar.
Tudo na vida tem um preço. Tanto para o bem quanto para o mal, os hábitos impulsionam comportamentos que se sacramentam no convívio social.
Quando exercitados em excesso, alcançam o grau de transtorno compulsivo, uma paranóia, assim como, quando pouco exercitados, se transformam em comportamento social marginal, segregacionista e discriminatório, colocando cada um na sua tribo (antropológicamente falando).
Dentro de um contexto científico, o hábito é um forte determinante na formação de organizações complexas, como bairros e grupos sociais, que, por afinidade e semelhança de conceitos, desenvolve laços que vão desde o afetivo até os de cumplicidade e que podem ser saudáveis ou não.
Evoluindo da escolha pessoal para o âmbito do coletivo, em muitos casos, os hábitos levam a um condicionamento que disfarçadamente impõe regras restritivas e permissivas ao mesmo tempo.
Trocando em miúdos, eles podem fomentar a manutenção de uma sociedade emburrecida, cheia de mitos e superstições, recheada por aparências que em nada ajudam, senão a aumentar o rasgo no já saturado tecido social, corroído por tantas tradições e costumes, e que tem sucumbido ao poder de anular a capacidade dos indivíduos (jovens ou não) de pensar, analisar e concluir sobre os fatos e atos que constroem o cotidiano.
É aos hábitos perniciosos, objeto deste texto, que devemos muito do que vivemos; a idolatria, a mentira, a trapaça, o conformismo, a insegurança, a ignorância e, inclusive, a violência.
Podemos observar tal colocação em alguns exemplos, como: a compra e a venda de medicação sem receita médica; o arredondamento de preços para evitar dar o troco; a oferta de vantagens inexistentes para fechar negócios; o uso da coação para disciplina (cobrança de multa para o não uso do cinto de segurança, a troca do presente pelo bom comportamento); a transferência de decisões erradas para terceiros; a fofoca e etc.
Nosso país não é único, é claro, mas é onde vivemos e, por isso, é o lugar que queremos que seja cada dia melhor para todos nós. Longe da apologia de que só há hábitos ruins, a questão é: por que nos utilizamos mais destes em detrimento daqueles que podem nos levar ao objetivo que almejamos?
Viver numa sociedade mais justa, equânime, equilibrada e solidária.
Não são poucas às vezes em que somos chamados à atenção para o amor ao próximo, ao perdão, à compreensão, à ajuda desinteressada e ao compartilhamento de idéias e posicionamentos, e isso não é só por terceiros, mas pela nossa própria consciência, e mesmo assim transformamos também isso em objeto de barganha, de “caridade”.
A necessidade de reconhecimento e de evidência estraga tudo e faz com que os indivíduos desejem ser enquadrados em grupos cujos valores os remetam de volta a um mundo ideal, quando a própria necessidade de ser útil, de dividir e multiplicar os bons hábitos é, por si só e sem dúvida nenhuma, uma enorme recompensa.
Não seremos seres hu­­­ma­­nos melhores tendo dó de quem quer que seja, que esteja ou não, na mesma condição que nós, que, aliás, pode ser extremamente temporal e transitória como a própria vida.
Precisamos amar verdadeiramente e parar de negociar este amor em troca de bens tão menores, e que não nos acompanharão na trajetória rumo a Deus e aos céus, para onde muitos crêem que o hábito da caridade, da doação de bens materiais e da religiosidade sirvam como passaporte para lá entrar.

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