terça-feira, 31 de agosto de 2010

A QUE CLASSE DE ESCRAVO VOCÊ PERTENCE?...



Todo ser humano busca estabelecer sua identidade fazendo parte de algum tipo de grupo, começando pela escola, com os grupos de pesquisa e estudos, chegando até à Internet, na participação das chamadas comunidades virtuais.
Manter relacionamentos pessoais e/ou virtuais implica aceitação e reconhecimento, por parte do grupo, de comportamentos, atitudes e pensamentos que sirvam como uma “palavra de passe” para o estabelecimento de laços por meio de interesses comuns, afinidades, gostos, classe social, nível cultural etc.
Com o passar do tempo, o convívio com determinados hábitos pode desencadear dependências nada saudáveis já que nem sempre a vida nos conduz a trocas num mesmo nível de consciência e compreensão do universo que nos cerca.
Talvez esta seja uma explicação plausível do porquê os valores da modernidade estão exageradamente focados no ter e não no ser.
Quanto maior a expectativa de atender aos anseios do que dita uma minoria da sociedade, maior a necessidade de se ajustar e de se transmutar para o mundo ideal onde o dilema milenar “ser ou não ser” se resume à questão “ter ou não ter”.
Ter corpo sarado, dinheiro, carro bacana, celular de última geração para ser aceito, respeitado e desejado. Ter seios maiores, corpo esquelético, um book fotográfico, amigos descolados e roupas de grife para se sentir atraente, sedutora, moderna, antenada e na moda. Mesmo sabendo que o preço a ser pago pode ser alto, ser escravo está na moda, infelizmente.
A escravidão da volúpia dos olhos, das fraquezas de caráter e da baixa estima leva muitos, de diversas classes sociais, a se encontrarem no beco sem saída das dívidas, das drogas, do álcool, da velocidade, da promiscuidade enfim...
Quantos de nós, não conhecem ou já ouviram falar do rapaz ou da garota de classe média alta que vai à favela comprar drogas? De pessoas que vivem endividadas pela compulsão ao consumo? De filhos que se recusam a vestir o que seus pais podem comprar?
De meninas que se tornam dependentes de remédio para emagrecer, por quererem se parecer com modelos famosas? De senhoras e senhores, inconformados com a idade, que se lançam na promiscuidade?
A escravidão na qual estas pessoas vivem e tentam fazer parecer uma opção de vida, revela o quão carente de elos a sociedade está, o quão aprisionados estes seres estão a uma visão pequena, de um mundo ínfimo que faz com que creiam que são pequenos e insignificantes a ponto de se permitirem violentar e sacrificar sua própria natureza para se sentirem parte integrante de um plano maior.
O que foi feito do discernimento e do sentimento de mais-valia? Uma pesquisa realizada recentemente na área farmacêutica, em quatro países (dois da Europa, um da América Central e no Brasil) delineou o perfil dos consumidores de antidepressivos, calmantes, redutores de peso e estimulantes; indivíduos inseguros, estressados, altamente cobrados, reprimidos, rejeitados e instáveis, emocionalmente.
O que nos deixa surpresos é a falta de sensibilidade e de coragem da sociedade, de discutir estes que são problemas que atingem milhares, senão milhões, de pessoas em nosso País. Campanhas publicitárias devem ser veiculadas com a finalidade de chamar atenção do perigo que estas pessoas correm ao se entregarem, se jogarem de cabeça em situações que, muitas vezes, contrariam seus princípios e valores para, ilusoriamente, produzirem um prazer falso. Não dá para acreditar que é uma onda, uma moda que vai passar, e até que isso aconteça, se é que vai acontecer, vejamos nossos semelhantes dependentes de padrões sociais forjados.

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