FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
O consenso no meio político que o PMDB foi, no segundo mandato do presidente Lula e na campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, o aliado fundamental.
Para o próximo quatriênio, o PMDB chega com um status mais elevado em relação ao quatriênio anterior, o do segundo mandato do presidente Lula.
Para o próximo quatriênio, o PMDB chega com um status mais elevado em relação ao quatriênio anterior, o do segundo mandato do presidente Lula.
Neste caso, o PMDB não deu apoio formal ao candidato do PT a presidente, não lhe deu seu tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão e foi para as urnas dividido praticamente ao meio, como estivera durante o primeiro mandato de Lula. O “PMDB do Senado” (com notórias exceções) apoiava o governo e apoiou as candidaturas do presidente, enquanto o “PMDB da Câmara” colocava-se na oposição.
Mas, depois da eleição de Lula para seu segundo mandato presidencial, as coisas mudaram. O PMDB da Câmara apoiou o governo Lula. Como não apoiara sua eleição, entrou no governo, como instituição partidária, sem “comer sal e poeira”, na expressão criada pelo governador Jaques Wagner. Então, era compreensível que não tivesse todos os privilégios concedidos aos que travaram a batalha eleitoral ao lado de Lula.
Mas agora é diferente. Como instituição, o PT apoiou Dilma Rousseff, participou da coligação, marcou solidariedade total com a presença do presidente da legenda, deputado Michel Temer, na chapa de Dilma, como candidato a vice. Deu seu tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão à candidata petista e ajudou-a com sua capilaridade partidária em praticamente todo o território nacional. E com o enorme reforço psicológico que a aliança com o PMDB representava.
Então, era de se esperar que – uma vez que a rainha teria de ser mesmo a presidente Dilma – o PMDB entrasse na história como se fosse o príncipe. Mas nada. Está arriscado até a não ser tratado como duque. Barão, talvez.
A primeira e dolorosa paulada está sendo aplicada no Congresso: uma proposta de emenda constitucional que retira do vice a atribuição de suceder o (a) presidente, caso este fique impedido (por morte, impeachment ou doença gravíssima, incapacitante) de exercer o cargo. O vice continuaria sendo substituto eventual (uma viagem do presidente aqui, outra ali), mas nunca sucessor.
Teria que assumir e promover eleições presidenciais em, no máximo, 90 dias ou, se mais de metade do mandato presidencial já houver passado, ver o Congresso Nacional escolher um novo presidente titular. O PT não quer correr riscos, nem mesmo os atualmente previstos na Constituição.
A segunda paulada está sendo ensaiada na formação do ministério do próximo governo. O PMDB exige (e isso já faz tempo) cinco ministros para pastas com “densidade”: dois indicados pelo PMDB do Senado, dois pelo PMDB da Câmara e o quinto na “cota pessoal” do vice Michel Temer. Dilma está oferecendo quatro. Convém esperar o resultado dessa queda de braço.
Outra paulada? Sim, em duas fases.
Primeira fase. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, desconfiado que o PT pretendia passar-lhe a perna, articulou, formou e anunciou um bloco de bancadas partidárias envolvendo o PMDB, PT, PP, PTB e outros, num total de 202 dos 513 deputados da Câmara.
O “blocão” atuaria, se preciso, na eleição para a Mesa da Câmara e continuaria ativo, apoiando o governo, e, claro, se defendendo dele. O PT entrou em pânico – e em guerra. Dilma e Lula lançaram-se à operação desmanche e ainda pressionaram Temer para que pusesse panos quentes. A primeira defecção foi o PP. O “blocão” articulado pelo PMDB na Câmara entrou (na melhor das hipóteses) em estado de catalepsia.
Segunda fase. Na quinta-feira, o PT anunciou a formação de um “blocão” no Senado. Sem o PMDB. Mas com PT, PDT, PSB, PC do B, PRB, num total de 29 senadores. Isso dá ao bloco o comando de quatro comissões permanentes no Senado e cargos-chave na Mesa Diretora.
E aí?
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