FONTE: Jolivaldo Freitas, TRIBUNA DA BAHIA.
Não é botando boca de boticão, azarando e muito menos querendo despertar o Cão. Mas, e se der um apagão nos circuitos da avenida Sete e Barra/Ondina? Vale lembrar que não se trata aqui de uma “viagem”, mas de uma possibilidade pautável, vez que já foram registrados nos últimos doze meses no Brasil quatorze apagões.
A região Nordeste já foi afetada por quatro grandes blackouts e é bom rememorar – ainda mais que autoridades têm uma tendência para Alzheimer prematuro quando se trata de assumir riscos e soluções que dá pena – que este mês que passou a Bahia ficou horas às escuras por causa de um defeito lá pelas barragens de Luiz Gonzaga, isso se não me falta a memória.
Pare e imagine que a Coelba – para isso fui em busca de informações de um engenheiro amigo que trabalhou anos na empresa e saiu recentemente – não tem nenhum plano de contingência caso a energia elétrica deixe de vir lá de Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso ou venha de onde vier.
Para e imagine dois milhões de pessoas pulando atrás dos trios, circulando, olhando ou se movimentando a esmo. Daí acaba a luz. O que será que acontece nesta cidade de meus deuses? Vai ser um terror da maior qualidade, daqueles dignos de filme B. O pânico, o medo, a desinformação e principalmente a perdição das ruas, vielas, becos. Mulheres com medo de estupro, homens com medo de assalto, mães preocupadas com os filhos e os pais... estes estarão tão bêbados que nem notarão.
O que a Coelba e as autoridades ligadas ao Carnaval deveriam ter era um projeto de colocação de grandes geradores nos circuitos. Na Barra, Ondina, Pelourinho, Avenida Sete e Campo Grande, os geradores ou no breaks estariam a postos para assegurar um mínimo de luminosidade, para garantir a segurança do folião. Um dia vai dar apagão no Carnaval. Eu não quero estar aqui. E não venha me dizer que sou terrorista.
E, por falar em Carnaval, a prisão do cantor André Lélys em Aracaju serviu para mostrar de verdade que a Bahia é terra de índio. Não vou entrar no mérito se a polícia foi truculenta, se ele incitou a massa contra as autoridades, mas saliento que ele dizer que em Salvador nada aconteceria se a altura do som estivesse lascando os decibéis e incomodando os moradores locais, mostra que aqui vale tudo. Não tem Sucom que dê jeito. Imagine polícia.
Já em Pernambuco continua a briga com o Carnaval baiano. A propaganda oficial faz um belíssimo e inteligente contraponto com o que se questiona na Bahia. Aqui a discussão é que a festa acabou para o folião pipoca.
Ou tem grana para sair num bloco ou fica na calçada chupando dedo e morrendo de inveja do cara lá dentro da corda dando o maior amasso na turista de Minas (as mineiras adoram vir dar nestas paragens), paulistanas (que enlouquecem como se tivessem recebido alforria) e os italianos e argentinos que já desembarcam em Salvador exalando hormônios enlouquecidos e fazendo blitz nas ruas, bares, blocos e praias. Os caras pegam o que passa na frente. Até nega maluca.
Os pernambucanos pongaram em nossa idiossincrasia e garantem que lá o Carnaval ainda é do folião e não das empresas que exploram blocos, cordões e trios. Deixam claro que em nosso território nem vem quem não tem... grana, claro. E se der um apagão?
Nenhum comentário:
Postar um comentário