quarta-feira, 23 de março de 2011

NOVA DENGUE PODE CAUSAR EPIDEMIA...

FONTE: Catiane Magalhães, TRIBUNA DA BAHIA.
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) confirmou dois casos de infecção de dengue tipo 4 em Salvador. A variação da doença, tecnicamente identificada de sorotipo DENV4, era restrita ao norte do Brasil, devido à fronteira com a Venezuela, país onde o vírus se originou, mas não circulava por aqui desde 1982.
Os novos casos diagnosticados pela Vigilância Epidemiológica da Sesab deixaram o órgão em alerta para uma possível epidemia. Durante coletiva realizada ontem na Secretaria, o chefe de gabinete da instituição, Washington Couto, não descartou a hipótese de um surto, mas acalmou a população dizendo que considera pequena a possibilidade.
Segundo ele, a preocupação maior é com o provável aumento de complicação da doença e do índice de dengue hemorrágica, que é provocada principalmente quando a pessoa contrai uma segunda infecção por um tipo diferente do vírus. Na Bahia circulam os tipos 1,2 e 3 da doença.
“Não há razão para pânico, pois se trata de dois casos isolados e identificados em tempo recorde. A Sesab tomou todas as providências cabíveis e o quadro clínico dos pacientes infectados evoluiu para a cura. Estamos investigando como o vírus foi introduzido aqui”, informou.
O número de infectados pela dengue tipo 4 em Salvador e no interior do estado, no entanto, pode ser maior. O próprio Couto reconheceu a dificuldade de se diagnosticar os casos. A confirmação da doença só é feita se o paciente realizar o exame entre o terceiro e quinto dia de infecção. Fora deste prazo o resultado consta a dengue, mas não aponta o tipo. “Por isso, parabenizo a equipe que suspeitou e agiu dentro do tempo hábil para se ter a certeza e poder tomar as decisões necessárias”, observou.
A dificuldade em diagnosticar o novo tipo de dengue esbarra também na semelhança dos sintomas. “Não há nada que difere a doença das demais variações, pois os sintomas são os mesmos: febre, dores musculares, na cabeça e nos olhos, fraqueza, náuseas e manchas na pele, bem como devem ser adotadas as mesmas medidas de controle e tratamento”, alerta a superintendente da Vigilância de Proteção à Saúde, Alcina Andrade.
HOUVE REDUÇÃO EM 2011.
Ela esclarece ainda que a dengue tipo 4 é um sorotipo com comportamento menos agressivo que os demais, o que, na sua opinião, não representa menos riscos. “Mais um tipo de vírus aumenta a chance de desenvolver a forma grave da doença em caso de reincidência”, declarou.
Só nos três primeiros meses deste ano foram notificados 9.584 casos de dengue na Bahia. Salvador é responsável por 535 notificações, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde. Ainda conforme o órgão, 85 casos se confirmaram, sendo registradas quatro complicações e uma forma hemorrágica da doença.
Não houve óbito por dengue em 2011. Os números representam uma redução de 54% se comparados ao mesmo período do ano passado. A queda se deve, na opinião do secretário municipal de Saúde de Salvador, Gilberto José, às ações conjuntas desenvolvidas entre a sua pasta e a do Estado.
“Nossas mobilizações têm surtido efeito, mas o nível de conscientização está muito aquém do esperado, já que 99% da população sabe o que fazer para ajudar, mas na prática pouco se faz, continuam deixado água na planta, garrafas e pneus nos quintais”, ressaltou Alcina.
COMBATE AO MOSQUITO.
As secretarias municipal e estadual de saúde atuam o ano inteiro no combate ao mosquito Aedes Aegipty, realizando medidas sócio-educativas com a população. Agora, no período das chuvas, e com a descoberta de mais uma variação da doença, os dois órgãos vão intensificar as medidas em Salvador e no interior do estado.
As secretarias anunciaram que vão ampliar imediatamente e de forma articulada as visitas domiciliares dos agentes de combate à endemias, o trabalho de mobilização social, as campanhas publicitárias e os faxinaços.
Ontem mesmo a Prefeitura de Salvador realizou dois mutirões de combate à dengue nos bairros de Fazenda Coutos e Canabrava. Com o objetivo de reduzir o índice de infestação predial da cidade, agentes de combate às endemias do Centro de Controle de Zoonoses visitaram casas e terrenos baldios recolhendo latas, garrafas e qualquer objeto que possa servir de criadouro para o mosquito.
Hoje o mutirão acontece em Sussuarana Nova e até o final do mês a ação será realizada em bairros como Liberdade, Tancredo Neves, Periperi, onde são registrados altos índices de infestação. Paralelo aos mutirões, também são realizadas atividades educativas nas comunidades.

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