FONTE: Nelson Rocha, TRIBUNA DA BAHIA.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) revelam que cerca de 5,7 milhões de pessoas no país são portadoras de alguma limitação auditiva. Considerando-se a população do estado e um levantamento feito pela OMS (Organização Mundial de Saúde) que indica 6% de incidência de deficiência auditiva em países em desenvolvimento, estima-se que cerca de 800 mil habitantes na Bahia não ouvem bem e, como consequência, apresentam atraso no desenvolvimento da linguagem, dificuldades na escolarização e profissionalização, além de problemas sociais de inclusão.
Os avanços no tratamento de pacientes com deficiência desta natureza estão entre os assuntos que irão pautar, nos próximos dias 24 e 25 de março, no Núcleo de Reabilitação Auditiva “Dr. Orozimbo Alves Costa Filho”, das Obras Sociais Irmã Dulce, sede das Obras Sociais Irmã Dulce -Avenida Bonfim, Largo de Roma-, as discussões do III Curso Internacional de Implante Coclear – procedimento conhecido como cirurgia do “ouvido biônico”.
O evento chama atenção para os resultados de um programa da instituição que vem possibilitando, de forma pioneira na Bahia, a realização dessas cirurgias através do SUS.
Com dois anos de funcionamento, o Núcleo de Reabilitação já realizou com sucesso mais de 55 cirurgias de implante coclear nas mais variadas faixas etárias. Dr. Rosauro Rodrigues de Aguiar é o cirurgião principal e comanda a equipe cirúrgica.
A iniciativa vem garantindo a pacientes da Bahia, e de outros estados, uma melhor qualidade de vida, além de maiores chances de superação das limitações que a deficiência pode trazer. “Todos os indivíduos submetidos ao implante encontram-se hoje em pleno processo de inserção social, com melhoras significativas de compreensão auditiva e produção vocal. Além disso, estamos ampliando o número de cirurgias.
Até o ano passado, eram dois procedimentos por mês, sendo que agora em março podemos chegar a um teto de oito operações mensais”, revela o médico Eduardo Barbosa, coordenador do programa.
Outro dado relevante que será mencionado no evento é que o referido Núcleo está em processo de credenciamento para modalidade de saúde auditiva de alta complexidade. Este processo proporcionará ao setor a adaptação precoce de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual e maior agilidade na reabilitação de crianças portadoras de surdez congênita.Conhecido como ouvido biônico, o implante coclear é uma técnica cirúrgica que se caracteriza com um avançado dispositivo eletrônico que estimula diretamente as fibras remanescentes do nervo auditivo.
Tal estimulação permite a transmissão do sinal elétrico via nervo auditivo até a decodificação no córtex auditivo central. O funcionamento do dispositivo difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI).
Enquanto o AASI apenas amplifica o som, o implante fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário a capacidade de perceber o som.
São considerados candidatos à cirurgia crianças pré-linguais a partir de 10 meses até a idade de 4 anos e 6 meses, além de adultos que apresentem deficiência sensorioneural bilateral de grau severo a profundo e que não obtiveram resultados satisfatórios com o AASI.
As causas mais comuns de surdez pré-lingual são: rubéola congênita, citomegalovírus, sofrimento fetal, toxoplasmose e prematuridade; as causas mais comuns de surdez pós-lingual são: meningite, traumatismo craniano e surdez súbita.
Com relação às perdas auditivas pós-meningite bacteriana vale lembrar que o IC tem se mostrado uma estratégia terapêutica altamente eficaz na recuperação da surdez.
Após o último surto de meningite em nosso estado, o Núcleo de Reabilitação Auditiva recebeu diversos casos e atuou pronta e rapidamente na reabilitação dos pacientes.
Mais informações sobre o curso nos telefones 3310-1382 ou 3186-0228.
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