
Não por mera coincidência, evidentemente, deixou de comparecer o líder do PR, Lincoln Portela. Para maior clareza sobre as razões de sua ausência, ele a justificou com a existência de “problemas partidários”.
Claro que todos têm presente que os últimos dias da política nacional foram consumidos por uma crise envolvendo corrupção, o governo e o Ministério dos Transportes, do qual foram exonerados, entre outros, o ministro Alfredo Nascimento, que já voltou ao exercício de seu mandato de senador e ao cargo de presidente do PR, do qual estava licenciado enquanto ministro.
Há também um presidente de honra, o deputado Valdemar Costa Neto, aquele que era então o presidente legal e foi esperto o bastante para renunciar ao mandato no Escândalo do Mensalão a tempo de não poder ser cassado e perder temporariamente os direitos políticos. O PR, com cerca de 40 deputados e sete senadores, é um partido importante na aliança governista, mas foi destratado ou maltratado pela presidente Dilma Rousseff na crise que ainda não se encerrou, mas caminha nessa direção.
Também se poderia dizer que o PR ou sua cúpula também maltratou ou destratou a presidente Dilma Rousseff, ao praticar coisas que não devia sob seu governo. Aqui fica algo a ser considerado adiante.
Mas, voltando à ausência de Lincoln Portela no almoço de Vaccarezza, ao atribuí-la a “problemas partidários” ele estaria dando a indicação de que se tratava de um protesto, mas não como razão exclusiva.
A outra é que ele, sendo o líder da bancada do Partido da República, devia estar todo atrapalhado com o ambiente infernal que se terá instalado na bancada depois que Dilma decidiu escolher para ministro o ex-secretário executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, filiado ao PR somente no ano passado e que vinha sendo recusado pelo PR como alguém que pudesse representá-lo no Ministério dos Transportes.
Mas Dilma Rousseff, depois de convidar o senador Blairo Maggi (que o partido aceitava) para o cargo e este recusar – o que pode ter sido conforme as aparências ou camuflado uma jogada política combinada entre a presidente e Maggi – partiu para o desafio: escolheu Paulo Sérgio Passos, que ela queria e o PT, idem. O PR, mesmo indignado, vai se conformar.
Vingança, o prato que se come frio, só bem mais à frente, se surgirem oportunidades e se o governo estiver enfraquecido, passando por dificuldades. Enquanto isso, o senador, ex-governador de Mato Grosso e megaempresário Blairo Maggi afastou o pânico que tomara conta do governo ante o depoimento, no Senado, do diretor-geral do DNIT (que entrou em férias para não ser exonerado), Luís Antônio Pagot.
De círculos próximos a Maggi espalhou-se um boato maldoso de que tudo que foi feito de aditivos no DNIT foi determinado, principalmente, pelo agora ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, para viabilizar doações para a campanha presidencial de Dilma Rousseff. Um absurdo, claro, esse tipo de coisa não acontece no Brasil nem que a vaca tussa. Blairo Maggi, que é o padrinho político de Pagot, conversou bastante com ele antes de seu depoimento de ontem e, pelo que noticiou a imprensa, garantiu ao governo que nada precisava temer do depoimento de Pagot, ocorrido ontem.
E Pagot disse ao Senado que nada foi feito de irregular no DNIT e que todas as decisões tomadas no âmbito do Ministério dos Transportes e do DNIT foram colegiadas, e, como assinalou ontem o jornalista Ricardo Noblat, sintetizando o espírito do depoimento de Pagot, “delas tomaram conhecimento as demais instâncias do governo”. Ah... Blairo Maggi ficou tão entusiasmado com o desempenho de seu afilhado político no depoimento que fez um apelo a Dilma para mantê-lo no cargo depois de ele voltar das férias.
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