FONTE: ANNETTE SCHWARTSMAN, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA (www1.folha.uol.com.br).
Jovens de ontem fechavam seus diários com cadeado. Os de hoje expõem suas vidas íntimas em redes sociais.
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Isso se torna problema quando ultrapassa os direitos de colegas e parceiros. Mas, a rigor, se uma menina publica uma foto sua de biquíni, está produzindo pornografia infantil, o que é crime no Brasil. Seria o caso de criminalizar a conduta?
Não, diz o psicólogo Rodrigo Nejm, da Safernet. "Os adolescentes têm cada vez mais liberdade, o que é bom, mas cada vez menos mediação no uso da internet e no amadurecimento da sua sexualidade."
Para Nejm, o primeiro equívoco é dos adultos, ao não diferenciarem sexo e sexualidade. "Dizem que não é assunto de criança e restringem o acesso à informação."
As crianças, segundo o psicólogo, precisam ser orientadas desde cedo sobre sexualidade, o que implica explicar uma série de curiosidades sobre prazer, corpo e sobre limites das brincadeiras com o corpo de outras crianças.
Na visão dele, pais e educadores têm dificuldade em lidar com a educação sexual de crianças e teens.
Por conta desse tabu, a internet acaba sendo o único lugar onde esses jovens podem se expressar e descobrem essas experiências.
O lado positivo é que a rede ajuda o adolescente a construir sua identidade, seus relacionamentos e sua sexualidade. "Funciona para treinar habilidades, como abordar assuntos íntimos que eles têm vergonha de tratar 'olho no olho'", diz Patti Valkenburg, do Centro de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Mídia da Universidade de Amsterdã.
RISCOS.
Mas há riscos, claro. "Criminosos se aproveitam dessa etapa vulnerável da descoberta da sexualidade e acolhem a angústia do adolescente, mas com intenções de abusar e explorar sexualmente", adverte Nejm.
Outro fenômeno que chama a atenção do psicólogo é o fato de jovens terminarem relacionamentos apenas mudando o status do Facebook. "Nem se dão ao trabalho de assumir o fim do namoro face a face e a responsabilidade pelo sofrimento do outro."
Nesse caso, diz Nemj, ao trocar o "gaguejar e ficar vermelho" por mediação tecnológica, o jovem perde uma experiência de afetividade fundamental para a formação da sua personalidade.
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