FONTE: Rosana Faria de Freitas, do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Os médicos alertam, a mídia traz o assunto à tona, e o corpo também ‘fala’ ao apresentar sintomas como cansaço, estresse, falta de memória. Mesmo assim, as pessoas dão pouca importância à saúde do sono – e não são raras as que sofrem sistematicamente de insônia, sem jamais procurar ajuda.
Algumas vezes basta apenas trocar o colchão ou os travesseiros e o problema desaparece. Isso porque estes dois itens tão essenciais também têm um tempo de vida útil e, quando usados como sua “validade” vencida, pode causar dores e desconfortos. Porém, uma boa noite de sono depende também de outros fatores.
“As pessoas estão cada vez mais conectadas e estressadas. É fundamental preparar o ambiente, deixando-o escuro e silencioso, fazer uma alimentação leve no jantar pelo menos 90 minutos antes de deitar e evitar aparelhos eletrônicos – TV, computador, celular, iPad, iPhone – uma hora antes. E, claro, não usá-los na cama”, diz Rogério Vidal de Lima, especialista em coluna pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da American Academy of Orthopaedic Surgeons, dos Estados Unidos.
“O sono representa importância vital para o organismo, assim como os cuidados ao se alimentar bem e praticar exercícios físicos”, salienta Carolina Elena Carmona de Oliveira, fisioterapeuta do sono da Duoflex, formada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com especialização em Reorganização Postural Global (RPG). Um repouso de qualidade, ela explica, é aquele que passa por todas as fases necessárias para que o organismo recupere as energias.
Além de fatores como refeições leves à noite, ginástica regular e ambiente propício ao descanso – que têm influência direta na qualidade desse período de inatividade –, a postura é um dos itens que mais deve ser levado em conta para, de fato, garantir uma noite livre da contagem de carneirinhos. Por isso, é importante aprender qual a melhor posição e a atenção que se deve ter com itens como colchão e travesseiro.
NADA DE PULAR ETAPAS.
Em condições normais, todo seu organismo se prepara para esse ‘desligamento’. Na primeira fase, o hormônio melatonina é liberado para relaxar o corpo e induzir o sono. Na segunda, diminuem os ritmos cardíacos e respiratórios, os músculos ficam menos tensos e diminui a temperatura corporal, de forma que o indivíduo entre no sono leve. Na terceira e quarta fases, há liberação de mais três hormônios, do crescimento (GH), leptina e cortisol, que levam ao sono profundo.
Na última fase, conhecida como sono REM – siga em inglês para movimento rápido dos olhos, Rapid Eye Movement –, acontece o pico da atividade cerebral, daí ocorrerem os sonhos. “O relaxamento muscular atinge seu ponto máximo e voltam a aumentar as frequências cardíacas e respiratórias”, explica Carolina Oliveira, acrescentando que as noites mal dormidas surgem quando essas etapas não se desenvolvem adequadamente.
Além disso, pense na iluminação. Apenas um pormenor, certo? Errado. Recomendar um quarto escuro não é bobagem, pois a claridade interfere na produção de melatonina, o tal hormônio que avisa ao cérebro que já é hora de dormir.
Em relação às refeições, ingerir itens que aumentam os níveis de insulina, como açúcar refinado, doces e farinha branca, aciona o metabolismo – e aí, adeus àquela providencial preguiça. Álcool e fumo, por sua vez, estão associados a distúrbios como ronco e apneia, desordem caracterizada pela suspensão da respiração. Quer dizer, são muitos ‘detalhes’ que você precisa considerar – e isso sem falar nos aspectos relacionados à postura, nosso tema central. Acompanhe, agora, algumas dicas para saber quais as melhores posições na hora de dormir:
NA HORA DE DECIDIR SOBRE A MELHOR POSTURA:
Durma preferencialmente de lado. Esta é a posição mais adequada, e tanto faz se do lado direito ou esquerdo. “Neste caso, o encaixe rigoroso do travesseiro entre a cabeça e o colchão se torna mais importante”, diz a fisioterapeuta. Atenção: dormir de lado não significa na posição de feto, que leva a uma flexão exacerbada da coluna vertebral
Use dois travesseiros. Ou um travesseiro e um rolinho. “A segunda peça será posicionada entre os joelhos, que estarão semiflexionados, com você deitado de lado”, orienta Rogério Vidal
Se gosta de dormir de barriga para cima, utilize um travesseiro baixo ou médio. Ele deve apenas apoiar a cabeça, preenchendo o espaço entre a cervical e a nuca para evitar a hiperflexão do pescoço. “Coloque uma segunda peça – rolinho, por exemplo – embaixo dos joelhos, que ficarão semiflexionados e ‘descansados”, diz o ortopedista. Ele aconselha, também, que a pessoa observe se a cabeça não está muito dobrada para frente ou estendida demais para trás. Nestes casos, a altura do travesseiro está errada
Evite, na medida do possível, a posição de bruços. Se não conseguir, utilize dois travesseiros bem baixos, um para apoio da cabeça e outro embaixo do abdômen, na altura da curvatura da cintura
Observe como acorda no dia seguinte. Caso sinta dores nas costas, no pescoço ou pelo corpo, significa que algo está errado. “Nestes casos é preciso atenção, pois com dor o indivíduo tente a assumir mais ainda posturas inadequadas que comprometem outras regiões do corpo, agravando o quadro e formando um círculo vicioso. Se for necessário, procure um especialista”, recomenda Rogério Vidal
DICAS PARA ADQUIRIR COLCHÃO E TRAVESSEIRO.
Escolha um colchão firme, porém macio. As lojas em geral dispõem de uma tabela para orientar a densidade – resistência do produto – de acordo com o peso. No caso de casais, o certo é comprar no nível compatível com a pessoa mais pesada. Preste atenção no conforto e bem-estar: se a peça é muito mole, entorta a coluna e causa dores nas costas; se rígida demais, cansa a musculatura e provoca problemas em ombros, quadris e juntas. Em relação ao tipo, o mercado hoje dispõe de uma gama enorme, alguns bem high tech – dos tradicionais de espuma e mola ao de molas ensacadas, látex, viscoelástico, com tecnologia desenvolvida a partir de pesquisas espaciais. O ortopedista Rogério Vidal recomenda o de mola, “por ter uma durabilidade maior e ser maleável e firme ao mesmo tempo, a um preço razoável”
Troque o colchão. “Para saber se ainda tem vida útil, observe se, ao levantar da cama, forma-se uma depressão na superfície. Em caso positivo, é hora de mudar”, enfatiza o ortopedista. A durabilidade varia, em média, de dois (os mais simples de espuma) a até dez anos (mola, látex e viscoelástico, dependendo do modelo)
Escolha um travesseiro macio, de forma que a cabeça repouse bem. Isso fará com que a postura de descanso favoreça a anatomia fisiológica da coluna, permitindo que a pessoa se levante bem disposta e sem dores no corpo no dia seguinte
Preste atenção à altura do travesseiro. Na hora de dormir, perdemos o controle da musculatura da cabeça. Por isso, o ideal é utilizar um travesseiro que complete exatamente o espaço entre o crânio e o colchão – formando um ângulo de 90 graus no pescoço e alinhando, assim, toda a coluna com o tronco. “Tal disposição facilita a circulação sanguínea e permite que os estímulos elétricos sejam perfeitamente enviados pelo cérebro aos órgãos do corpo”, destaca a fisioterapeuta Carolina Oliveira
Troque de travesseiro. Pouca gente se dá conta, mas eles têm prazo de validade. A vida útil é, em média, de cinco anos. Mas, para passar longe da contaminação por microorganismos, o ideal é comprar um novo a cada dois ou três anos. “Para saber se ‘venceu’, analise se perdeu a firmeza e deixa o pescoço cair”, observa Vidal, acrescentando que os de viscoelástico são confortáveis e acomodam bem a cabeça – o material distribui a pressão uniformemente e permite que a coluna vertebral se mantenha reta e bem acomodada
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