domingo, 5 de maio de 2013

PEDIATRAS DISCUTEM USO DE DORGAS DURANTE A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA...


FONTE: Naira Sodré, TRIBUNA DA BAHIA.

"Doutor, será que meu filho está usando drogas?" Para saber como lidar com questões como essa e orientar as famílias mais de 700 pediatras estiveram reunidos na sexta-feira (3/5) em uma mini-conferência do VII Congresso Baiano de Pediatria, que terminou neste sábado (4) no Pestana Bahia Hotel, no Rio Vermelho.

De acordo com o psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da UFBA, Tarcísio Andrade, não há abordagem única para todas as situações e, por esta razão, os profissionais precisam estar munidos de informações cientificamente fundamentadas para que possam orientar os pais sobre como proceder no acompanhamento de seus filhos.

Em sua palestra, o psiquiatra advertiu que “o uso de drogas não deve ser abordado apenas pelas propriedades farmacológicas ou o fato de serem legais ou ilegais, é preciso considerar também o cenário social e familiar que cerca cada indivíduo”.

De acordo com uma pesquisa do Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas (Obid), o consumo dessas substâncias começa entre os 10 e 12 anos e, em muitos casos, ocorre no ambiente familiar com drogas consideradas lícitas.

Outro fator que dificulta o enfrentamento à questão é a “verticalidade habitual da relação entre pais e filhos”, aponta o psiquiatra, que é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Ele acrescenta que é preciso trazer a criança para o lugar de protagonista e não considerar as drogas apenas um problema a ser resolvido pelos pais.

Saúde pública.

O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na história da humanidade e constitui um grave problema de saúde pública, com sérias consequências pessoais e sociais no futuro dos jovens e de toda a sociedade. A adolescência é um momento especial na vida do indivíduo. Nessa etapa, o jovem não aceita orientações, pois está testando a possibilidade de ser adulto, de ter poder e controle sobre si mesmo. É um momento de diferenciação em que “naturalmente” afasta-se da família e adere ao seu grupo de iguais. Se esse grupo estiver experimentalmente usando drogas, o pressiona a usar também. Ao entrar em contato com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe-se também a muitos riscos. O encontro do adolescente com a droga é um fenômeno muito mais frequente do que se pensa e, por sua complexidade, difícil de ser abordado, diz o médico psiquiatra Ernani Costa.

Os levantamentos epidemiológicos sobre o consumo de álcool e outras drogas entre os jovens no mundo e no Brasil mostram que é na passagem da infância para a adolescência que se inicia esse uso. Nos Estados Unidos, estima-se que cerca de três milhões de crianças e adolescentes fumem tabaco. O álcool é usado pelo menos uma vez por mês por mais de 50% dos estudantes das últimas séries do que corresponde ao nosso ensino médio, sendo que 31% chega a se embriagar mensalmente.

O levantamento encontrou na população jovem americana de 13 a 18 anos as seguintes taxas de uso de tabaco, álcool e drogas: 12% de fumantes pesados (um maço ou mais ao dia); 15% de bebedores pesados (cinco ou mais doses por dia); 5% fazem uso regular de maconha e 30% fazem uso frequente de cocaína. O uso de drogas varia de acordo com o sexo e, em meninos, esse uso aparece associado com mais frequência à delinquência.

Segundo o psiquiatra, no Brasil, o panorama mudou completamente nas últimas décadas. Até o início da década de 80, os estudos epidemiológicos não encontravam taxas de consumo alarmantes entre estudantes. No entanto, levantamentos realizados a partir de 1987 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre as Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (CEBRID) têm documentado uma tendência ao crescimento do consumo.

Esses levantamentos foram realizados entre estudantes de primeiro e segundo graus em dez capitais brasileiras e entre elas, Salvador. Também em amostras de adolescentes internados e entre meninos de rua. Em 1997, o CEBRID mostrou que existe uma tendência ao aumento do consumo dos inalantes, da maconha, da cocaína e de crack em determinadas capitais. No entanto, o álcool e o tabaco continuam de longe a ocupar o primeiro lugar como as drogas mais utilizadas ao longo da vida e no momento atual, com mais problemas associados, como por exemplo, os acidentes no trânsito e a violência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário