FONTE: *** Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
A presidente Dilma
Rousseff anunciou, na tarde da quinta-feira (1), a sanção sem vetos à chamada "lei
da profilaxia da gravidez", que trata do atendimento, na rede pública de
saúde, a vítimas de estupro. O texto será publicado no Diário Oficial desta
sexta-feira (2).
A lei aprovada estabelece que os
hospitais do SUS devem prestar serviço multidisciplinar à mulher vítima de
violência sexual, incluindo a "profilaxia da gravidez", ou seja, o
uso da chamada "pílula do dia seguinte", prática já prevista em norma
técnica do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde entende que, em
casos de estupro, "a pílula do dia seguinte" tem se mostrado eficaz
na prevenção de morte materna ao evitar, ainda, abortos clandestinos.
Dilma
aceitou a recomendação da área técnica do governo, que defendia a sanção.
"A sanção foi precedida por uma série de diálogos e consultas com diversos
setores. Estamos legalizando um apoio humanitário a quem precisa.",
afirmou o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho.
Algumas comunidades religiosas pediam o
veto na lei por entender que o termo "profilaxia" abre brechas para a
prática do aborto. Porém, ontem, durante uma reunião, houve o entendimento de
que o governo não poderia vetar trechos de uma lei aprovada por unanimidade por
congressistas, sobretudo em uma instituição onde as bancadas religiosas e de
defesa da família são muito fortes.
Atendimento.
O atendimento a vítimas de violência deve
incluir o diagnóstico e tratamento de lesões, a realização de exames para
detectar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. A lei também determina
a preservação do material coletado no exame médico-legal.
No
projeto que será encaminhado ao Congresso, o governo também vai corrigir uma
imprecisão sobre o conceito de violência sexual. O novo texto considera
violência sexual "todas as formas de estupro, sem prejuízo de outras
condutas previstas em legislação específica". Do jeito que está na lei
sancionada hoje, o texto poderia excluir do conceito crianças e pessoas com
deficiência mental.
Assim, a
lei passaria a ter o seguinte conteúdo: "Considera-se violência sexual
todas as formas de estupro, sem prejuízo de outras condutas previstas em
legislação específica". Também será esclarecida no texto a seguinte
redação sobre a profilaxia para a gravidez pós-estupro: estará assegurada à
vítima "medicação com
eficiência precoce para prevenir gravidez resultante de estupro".
"É muito importante a correção dessa
imprecisão: além de estar no código penal, é o que é recomendado pelo
Ministério da Saúde", disse o ministro da Saúde Alexandre Padilha.
Já o ministro Gilberto Carvalho respondeu
sobre a negociação no congresso com as bancadas evangélicas e católicas:
"Espero que seja aprovado por unanimidade. Esperamos que não seja uma negociação
difícil. Existe uma concepção de que a pílula seja abortiva, mas a forma como
estamos agindo faz com que tiremos qualquer duvida sobre o caráter não abortivo
deste medicamento. É a defesa da vida. Claro que a pessoa tem a opção de manter
a gravidez se quiser. Quem tem o mínimo de sensibilidade humana sabe a dor que
é passar por um aborto".
Atualmente.
Quando questionado sobre como é feita a
profilaxia atualmente, Padilha lembrou que esses mesmos pontos da lei já
constam de norma técnica do Ministério da Saúde desde 2008, atualizada em 2012,
e de protocolos dos hospitais que atendem às mulheres vítimas de violência
sexual. "Desde então, tivemos, em quatro anos, redução de 50% nos
casos de abortos legais. O congresso transformou uma portaria que já existia em
lei".
Sobre a possível oposição de algumas
Santas Casas em atender os casos, Padilha declarou na coletiva que o projeto de
lei estabelece responsabilidade em conjunto pelo atendimento e lembrou a
objeção de consciência (quando uma pessoa legalmente pode ser obrigado a fazer
algo contra a consciência, especialmente ferindo seus valores morais e
espirituais). "Há a objeção de consciência, mas o serviço terá de ser
cumprimido. Porém, tenho certeza de que todos vão querer dar um atendimento
humanizado às vítimas."
Respeito
às mulheres
Em nota, a Ministra da Secretaria de
Políticas para as Mulheres Eleonora Menicucci afirma que a sanção da lei pela
presidente "representa, antes de tudo, respeito ao Congresso Nacional que
o aprovou por unanimidade nas duas casas. Significa, também, respeito às
mulheres que sofrem violência sexual, com a adoção de ações que amenizam seu
sofrimento, com o atendimento imediato e multidisciplinar para o controle e
tratamento dos impactos físicos e emocionais causados pelo estupro."
Ela também cita algumas estimativas: a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada no Brasil. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que em cinco anos os registros de estupro no Brasil aumentaram em 168%: as ocorrências subiram de 15.351 em 2005 para 41.294 em 2010. Segundo o Ministério da Saúde, de 2009 a 2012, os estupros notificados cresceram 157%; e somente entre janeiro e junho de 2012, ao menos 5.312 pessoas sofreram algum tipo de violência sexual.
Ela também cita algumas estimativas: a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada no Brasil. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que em cinco anos os registros de estupro no Brasil aumentaram em 168%: as ocorrências subiram de 15.351 em 2005 para 41.294 em 2010. Segundo o Ministério da Saúde, de 2009 a 2012, os estupros notificados cresceram 157%; e somente entre janeiro e junho de 2012, ao menos 5.312 pessoas sofreram algum tipo de violência sexual.
Repercussão.
O deputado federal Marcos Feliciano
(PSC/SP) , também pastor e presidente da Comissão de Direitos Humanos, declarou
em seu Twitter: "Dilma com sua assessoria e sua caneta rasga o documento
assinado e entregue aos evangélicos/católicos prometendo que nunca aprovaria o
aborto".
*** Com Folha.com
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