Cultura local ainda ignora os benefícios do ato
para mães e filhos.
Até o próximo dia 7, o mundo comemora a Semana do
Aleitamento Materno. Mais que comemorações, a data proposta pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) quer sensibilizar as mulheres de todo o planeta para a
importância de garantir a amamentação como forma exclusiva de alimentação dos
bebês, pelo menos, até os seis meses.
Segundo o Ministério da Saúde, dois copos de leite materno por
dia até o segundo ano da criança, suprem 95% das necessidades de vitamina
C, 45% de vitamina A, 38% de proteína e 3% do total necessário de energia. O
leite materno também protege contra otites, meningites, alergias,
diarreia e pneumonia, além de estabelecer bases para a saúde psicológica e
afetiva de mães e filhos.
As chances da mãe desenvolver câncer de mama diminuem em
5% a cada 12 meses de aleitamento. Para aprofundar o tema, a Coluna Saúde
conversou com a coordenadora do Serviço de Neonatologia do Hospital Aliança,
a médica Katiaci Araújo.
Por que a amamentação ainda é um mistério para algumas
mulheres? O parto, a gestação influenciam na quantidade e na produção do leite?
A princípio
todas as mulheres possuem leite e a incidência daquelas cujas glândulas
mamárias não funcionam como deveriam é uma situação dificílima de acontecer. No
entanto, para que as mulheres não sofram com o aleitamento – seja por sentirem
dor ou apresentarem fissuras – é preciso que elas sejam preparadas durante a
gravidez. Esse aprendizado tanto pode ser conseguido com ajuda do médico que a
acompanha como também nos cursos para as mães iniciantes.
Uma pesquisa realizada por Graciete Oliveira, do Hospital
da Criança, de Feira de Santana, mostrou que as mulheres soteropolitanas estão
entre as mães brasileiras que menos amamentam. Como explicar o quadro?
Infelizmente, temos uma questão cultural muito
arraigada que precisa ser mudada em nome da saúde e da vida das nossas
crianças. Nenhum produto elaborado pela indústria alimentícia conseguiu chegar
perto do valor nutricional do leite materno. Por mais caro que seja, o leite
industrializado não substitui o leite materno, que é de graça e não requer que
mãe se descabele lavando mamadeiras e esterilizando bicos. É importante que a
sociedade perceba a importância desse processo, que permite que o recém-
nascido se desenvolva tanto do ponto de vista da saúde física, mental, cognitiva e do
ponto de vista emocional.
Muitas mulheres citam o retorno ao trabalho como o maior
empecilho para continuar amamentando. Na sua opinião, existe uma forma de
equacionar a necessidade de trabalhar e a de amamentar?
A lei possibilita que a mulher amamente até o quarto mês
livremente. A partir daí, ela pode optar pelo armazenamento e congelamento do
leite, garantindo que a criança conte com essa fonte de nutrientes, mesmo
quando ela não puder estar em casa. Aliado a isso, há sempre a possibilidade de
garantir o aleitamento antes de sair e depois do retorno ao lar. Pode ser
cansativo, mas as mães precisam encarar isso como um investimento futuro à saúde do filho. Também é muito importante que a
família lhe garanta o suporte que possibilite amamentar de forma tranquila.
Existe um tempo máximo para amamentar? É normal amamentar crianças maiores?
A Organização
Mundial de Saúde recomenda que as crianças sejam amamentadas até os 2 anos de
idade. Até os seis meses, a alimentação infantil deve ser feita exclusivamente
de leite materno, a partir daí, é importante introduzir outros alimentos como
as verduras, frutas e as proteínas de origem animal.
É verdade que amamentar funciona como um anticoncepcional
natural para as mulheres?
Enquanto
amamentam, as mulheres ficam menos férteis, mas amamentar não é um método 100%
seguro. O mais indicado é que as mulheres que não quiserem engravidar busquem
outras formas de evitar uma nova gravidez, mas que antes conversem com o
ginecologista de sua confiança para saber qual é a opção mais segura e
adequada.
Amamentar provoca flacidez de seios?
Não. Isso é
mito. Amamentar só traz vantagens para a criança e para mãe, pois o processo
reduz a incidência de câncer e permite que as contrações uterinas, que aceleram
as cicatrizações do aparelho reprodutivo, ocorram de forma muito mais rápida.
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