FONTE: Cármen Guaresemin, do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Uma pesquisa divulgada terça-feira
(26) mostra que a proporção de brasileiras jovens que consomem cocaína é maior
que a de usuárias de maconha. Os dados são do 2º Levantamento Nacional de
Álcool e Drogas (Lenad), divulgado nesta quarta-feira (26) pela Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp).
De acordo com os responsáveis pela
pesquisa, o fenômeno é raramente observado em outros países.
O estudo contou com 4.600
entrevistados com 14 anos ou mais de 149 municípios brasileiros. As entrevistas
consideraram o uso no ano anterior à pesquisa, que foi feita em 2012.
Cerca de 2% das mulheres com até 25
anos relataram ter usado cocaína, e 1,4%, maconha. Entre os homens da mesma
faixa etária, as proporções foram de 5% e 8,3%, respectivamente.
"Há algo acontecendo com essa
geração de meninas", alerta o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador
do levantamento. Ele fala que o estudo não é analítico, mas que, diante dos
números, autoridades precisariam tomar algumas medidas: "Quem precisa
analisar e pensar como mudar isso são os responsáveis pela política pública do
país. Eu me pergunto como será o futuro dessas meninas".
Para a psicóloga e doutora em
psiquiatria Ilana Pinksy, e uma das responsáveis pelos estudos, as mulheres
estão ascendendo socialmente e isso traz o lado bom e ruim: "É um efeito
colateral. Elas estão trabalhando mais, estudando mais, tornando-se mais
independentes. Quando saí para pesquisar, vi muitos grupos só de mulheres
bebendo, algo que não era tão comum até poucos anos atrás".
Ela também lembra que o corpo
feminino sofre mais com os efeitos das drogas e que as meninas, assim, estão se
submetendo a riscos ainda maiores que os meninos.
Preocupação com o peso.
O levantamento também mostrou que
mais de um terço das jovens (35,6%) se considera acima do peso ideal. Entre os
homens, o percentual é de quase 21%. Apesar de os pesquisadores não terem feito
a associação, o medo de engordar pode ser uma explicação para que as meninas
evitem a maconha, famosa por aumentar o apetite.
Apesar da preocupação com o peso, 69%
das jovens e 44% dos rapazes entrevistaram não praticam nenhuma atividade
física leve. Em relação a exercícios mais pesados, as proporções são de 86% e
72%, respectivamente.
"Também neste item, das
atividades físicas, vemos que as meninas estão em maior número. Aparentemente,
estão em uma situação que colocará em risco seu futuro", afirma a
psicóloga, lembrando os impactos que o sedentarismo pode trazer a longo prazo.
A pesquisa ainda mostra que 24,5% dos
rapazes e 14,7% das mulheres com até 25 anos nunca ou quase nunca consomem
salada ou vegetais crus.
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