FONTE: iG Minas Gerais, TRIBUNA DA BAHIA.
Que a tecnologia já invadiu a nossa vida
ninguém duvida. Presente em carros, casas e empresas, os dispositivos
eletrônicos nos mantêm conectados e estão ocupando cada vez mais espaço na
nossa rotina. Mas é entre quatro paredes que eles prometem, em um futuro
próximo, revolucionar as relações sexuais.
Segundo previsões de especialistas em todo o
mundo, engana-se quem pensa que as relações serão mais frias e mecânicas. A
aposta é de um futuro “high tech”, com o sexo pegando fogo com transas entre
humanos e robôs ou em naves espaciais, orgasmos por controle remoto, exames
para detectar o amor, entre outras novidades.
A sexualidade seria uma das primeiras coisas
impactadas no futuro, segundo a presidente da Federação Europeia de Sexologia,
Chiara Simonelli. Ela afirma que, com a disseminação de métodos de reprodução
artificial, o sexo já deixou de ser voltado para a reprodução e passou a ser
mais recreativo, o que significa que a humanidade caminha para a
bissexualidade. “No futuro, como homens e mulheres fariam sexo só por prazer,
não teriam por que transar apenas com o sexo oposto. Os impactos disso para a
sociedade em geral seriam de menos conflitos e mais respeito”, acredita.
Mulheres com dificuldade para atingir o
orgasmo também podem vislumbrar um horizonte mais prazeroso. Foi enquanto
pesquisava nos Estados Unidos as formas de tratar a dor crônica na coluna que o
anestesiologista Stuart Meloy viu que os eletrodos implantados na medula do
paciente, quando estimulados, eram interpretados pelo cérebro como sinal de um
orgasmo. Por acidente, surgiu então o orgasmatron – dispositivo do tamanho de
um marca-passo que, implantado na coluna, pode ser acionado por controle
remoto. Não há uma previsão de ser venda para fins não medicinais. A
neurocientista americana Lucy Brown também já deu um importante passo para que
a ciência se torne capaz de detectar o verdadeiro amor e verificar se, por trás
de um beijo, há apenas interesse ou algo mais.
Através da ressonância magnética do cérebro
de pessoas apaixonadas e rejeitadas, os cientistas estão aprendendo muito sobre
a ciência do amor. “Os sistemas cerebrais ativados quando você está sexualmente
excitado são diferentes daqueles ativados quando você está apaixonado. O amor
romântico é diferente da excitação sexual, embora muitas vezes eles andem
juntos”, diz Lucy.
Estranho amor. O especialista em
inteligência artificial e autor do livro “Love and Sex With Robots” (“Amor e
Sexo com Robôs”), David Levy, vai além. Em 2007, o pesquisador britânico previu
que passaríamos a fazer sexo com robôs em cinco anos e que seríamos capazes de
amá-los em 40 anos.
Paula Aguiar, presidente da Associação
Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), acredita que não
haverá receio. “As pessoas estão querendo e buscando cada vez mais novas
experiências e novas formas de chegar até o prazer”, afirma. Minientrevista.
Você acredita que o sexo
no futuro vai ser mais tecnológico?Não
posso ser contrário aos avanços tecnológicos, mas tenho medo da tecnologia
desumanizante e que comprometa os relacionamentos. Por outro lado, concordo
que, em termos de sexualidade, ainda estamos muito primitivos se compararmos a
outras indústrias, como a da alimentação. O que se tem de tecnologia no sexo
hoje é praticamente o vibrador e algumas substâncias com gosto. A tecnologia
erótica é pouco acessível, e o uso no Brasil e em Minas também é muito pequeno.
As pessoas estão
preparadas para essas mudanças? A maioria não está preparada para usar nem o pouco que é
oferecido. Há 35 anos, ouço que o potencial do Brasil no comércio erótico é
enorme, mas nesse período avançou pouco.
Como a tecnologia poderia
ajudar? Acredito
que a tecnologia e novos produtos se consolidem para enriquecer a humanidade,
mas não acredito que o sexo com robôs emplaque porque o ser humano está vivendo
um momento de fragilidade. As relações humanas estão caminhando para o descarte
e tenho medo de essa tecnologia realmente afastar as pessoas delas mesmas ou
dos outros, e deixar as relações muito mais virtuais, descartáveis e
superficiais.
Como você projeta o sexo
no futuro?Vejo no futuro o sexo
absorvendo tecnologias que possam enriquecer as relações humanas. Eu torço para
que apareçam várias escolas de amor pelo mundo, e uma nova ciência – a
“amorologia”. No passado, já tivemos o sexo-reprodução, o sexo-culpa, agora
estamos vivendo o sexo-performático, e no futuro seria o sexo-amor.
Fazer amor é colocar foco na brincadeira e
no prazer que isso propicia. Já quando faço sexo, foco na ereção e no orgasmo.
Amor é entrega, é gratuidade. Para fazer amor precisamos de três habilidades,
de três H’s: humor (é brincar), humildade (tem que ter aprendizado) e
honestidade (com seus sentimento e do outro). Quero um futuro menos máquina
(para melhorar a performance) e mais amor. (LM).
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