FONTE: Do UOL, em São Paulo, http://noticias.uol.com.br
Quem sofre de enxaqueca
tem mais chance de desenvolver problemas cardiovasculares, incluindo ataques
cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, coágulos sanguíneos e uma frequência
cardíaca irregular. É o que aponta um estudo publicado na quarta-feira (31) na
revista científica "Britsh Medical Journal".
Ainda que estudos
anteriores sugeriram uma ligação entre enxaqueca e acidente vascular cerebral e
ataques cardíacos, particularmente entre as mulheres, o vínculo entre essa
forte dor de cabeça e outros problemas cardíacos eram menos conhecidos.
Mas, agora,
pesquisadores do Hospital da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e da
Universidade de Stanford, nos EUA, comprovaram que a enxaqueca --que atinge
cerca de um bilhão de pessoas em todo mundo-- deve ser considerada um fator de
risco "potente e persistente" para a maioria das doenças
cardiovasculares em homens e mulheres.
Para chegar a essa
conclusão, os cientistas examinaram os riscos das mais variadas doenças
cardíacas [ataques cardíacos; acidente vascular encefálico; doença da artéria
periférica (artérias estreitas que reduzem o fluxo sanguíneo para os membros);
coágulos de sangue e frequências cardíacas rápidas e irregulares] tanto em
pessoas que sofrem de enxaquecas como naquelas que não possuem dores de cabeça
frequentes.
Método
do estudo.
Foram analisados os
dados dos pacientes do Registro Nacional Dinamarquês do Paciente de 1995 a
2013, com mais de 51 mil pessoas diagnosticadas com enxaqueca e mais
de 510 mil pessoas que não tinham a doença.
Cada pessoa com
enxaqueca correspondia a 10 pessoas da mesma idade e gênero que não tinham
enxaqueca. A idade média para o diagnóstico de enxaqueca foi de 35 anos e 71%
dos participantes eram mulheres.
Durante um período de
19 anos, os pesquisadores descobriram que a enxaqueca estava associada com
ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, coágulos sanguíneos e frequência
cardíaca irregular.
Por exemplo, para cada
1.000 pacientes, 25 pacientes com enxaqueca tiveram um ataque cardíaco.
Considerado os pacientes sem dor de cabeça o número cai para 17 a cada 1.000
pacientes. Ao todo, 45 a cada 1.000 pacientes com enxaqueca tiveram acidente
vascular cerebral isquêmico (coágulo sanguíneo no cérebro), contra 25 pacientes
sem enxaqueca.
As associações
persistiram mesmo após a análise dos índices de massa corporal e
tabagismo. Os pesquisadores, no entanto, não encontraram associação
significativa com doença arterial periférica ou insuficiência cardíaca.
As associações,
particularmente para AVC, foram mais fortes no primeiro ano de diagnóstico das
doenças cardiovasculares, em pacientes com aura de enxaqueca (sinais de alerta
antes da enxaqueca, como ver luzes piscando) e em mulheres.
Possíveis
motivos.
Os autores descrevem
alguns dos motivos pelos quais a enxaqueca pode aumentar o risco de doenças
cardiovasculares. Segundo eles, pessoas com enxaqueca usam medicamentos
anti-inflamatórios, que estão associados a riscos aumentados de problemas
cardíacos. Além disso, citam ainda a relação dos ataques de enxaqueca ao
aumento do risco de coágulos sanguíneos.
"Nós agora temos
muitas evidências de que a enxaqueca deve ser levada a sério como um forte
marcador de risco cardiovascular", mas "ações para reduzir o risco
estão atrasadas", argumentam os pesquisadores.
Vale lembrar que este é
um estudo observacional, portanto, nenhuma conclusão firme pode ser tratada
sobre causa e efeito, e os autores não podem descartar a possibilidade de que
outros fatores desconhecidos, como a atividade física, possam ter influenciado
os resultados.
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