FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Evento internacional contempla as realizações simultâneas do 5º Seminário de Arte Rupestre da Universidade Federal da Bahia e a 3ª Reunião da Associação Brasileira de Arte Rupestre - ABAR, com apoio do Governo do Estado da Bahia e SecultBa/IPAC, a partir desta segunda-feira, dia 23, na cidade de Lençóis, Chapada Diamantina, com especialistas mundialmente reconhecidos
Originária de bacia sedimentar com 1,6 bilhão de anos, soerguida em camadas de arenitos, conglomerados e calcários, totalizando 38 mil quilômetros de serras, algumas com mais de mil metros de altura acima do nível do mar, a Chapada Diamantina (BA), considerada uma das mais ricas regiões do Brasil em cavernas, pinturas rupestres, fósseis vegetais e animais, entre outros vestígios arqueológicos, recebe a partir de hoje, o mais importante evento internacional de Arte Rupestre já realizado no estado da Bahia.
O encontro internacional, que acontece no auditório Afrânio Peixoto da Fundação Pedro Calmon e no hotel Portal de Lençóis, ambos na cidade de Lençóis, Chapada Diamantina, é uma realização da Universidade Federal da Bahia (Ufba) com apoio do Governo da Estado da Bahia, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) e secretaria estadual de Cultura (SecultBA), estando a organização geral à cargo do Grupo de Pesquisa Bahia Arqueológica - Ufba/CNPQ e Instituto Julio Cesar Mello de Oliveira. Também apóiam o evento a Prefeitura Municipal de Lençóis através da sua secretaria de Cultura e Turismo, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), Fundação Pedro Calmon e agência Volta ao Parque.
Tendo como temática principal “Os múltiplos olhares sobre a arte rupestre”, o encontro reúne, simultaneamente, o 5º Seminário de Arte Rupestre da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a 3ª Reunião da Associação Brasileira de Arte Rupestre (Abar), tendo como um dos expoentes a presença da mundialmente reconhecida arqueóloga brasileira Niède Guidon.
Com doutorado Arqueologia Pré-histórica pela Universidade Paris I - Sorbonne, na França, Guidon foi Professora da École d´Hautes Études em Sciences Sociales de Paris, fundadora e atual presidente da Fundação do Homem Americano (Fundham), idealizadora do Parque Nacional da Serra da Capivara e atual presidente da Organização Internacional para o Estudo e Preservação da Arte Rupestre. Ela passou a ser referência mundial obrigatória quando com suas pesquisas e achados arqueológicos mostrou que o povoamento do continente americano aconteceu muito antes do que se imagina e é difundido.
Enquanto as teorias mais conhecidas aceitam que os primeiros humanos chegaram às Américas há 15 mil anos, alguns sítios arqueológicos de Guidon reúnem artefatos que datam de 50 mil anos atrás, ou seja, vestígios humanos de 30 mil anos antes do que é aceito normalmente. Com grande equipe de trabalho e inúmeros projetos em andamento, Guidon reescreve assim a versão corrente da história demográfica do homem no planeta, enquanto o acúmulo de evidências arqueológicas fortalece cada vez mais as suas hipóteses.
Participam ainda, o subdiretor do Museu de História Natural de Paris, Dr. Denis Vialou e a Professora do Instituto de Paleontologia Humana de Paris, Dra. Agueda Vilhena Vialou, coordenadora da Missão Francesa de Arqueologia em Mato Grosso. As Professoras Anne Marie Pessis e Gabriela Martin da UFPE, especialistas de arte rupestre da Universidade Federal de Pernambuco, também participarão de mesas redondas.
Participam ainda, o subdiretor do Museu de História Natural de Paris, Dr. Denis Vialou e a Professora do Instituto de Paleontologia Humana de Paris, Dra. Agueda Vilhena Vialou, coordenadora da Missão Francesa de Arqueologia em Mato Grosso. As Professoras Anne Marie Pessis e Gabriela Martin da UFPE, especialistas de arte rupestre da Universidade Federal de Pernambuco, também participarão de mesas redondas.
POLÍTICA PÚBLICA - O encontro integra as ações que o Governo do Estado da Bahia, vem realizando através do IPAC/SecultBA para desenvolver políticas públicas de preservação dos patrimônios arqueológicos da Bahia e atender expectativas do 1º Fórum de Patrimônio Material da Bahia, realizado em maio de 2008 sob promoção do IPAC/Secult-BA, na cidade de Lençóis, que recomendou a criação de um plano de manejo e um roteiro de visitação dirigida aos patrimônios materiais da Bahia. Desde então o IPAC realiza visitas seqüenciadas aos municípios da Chapada, promove cursos, seminários e oficinas de educação patrimonial, assina acordos, cooperações técnicas e parcerias com Para o secretário de Cultura, Márcio Meirelles, a Bahia é um dos estados brasileiros mais ricos em edificações significativas e sítios arqueológicos.
“Nosso estado dispõe de extensa quantidade e qualidade de patrimônio material, como as construções seculares tombadas, pinturas rupestres, fósseis arqueológicos ou grutas”, diz Meirelles. O diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça, explica que apesar da reconhecida riqueza patrimonial e arqueológica dessa região, faltavam ações de articulação entre as esferas governamentais e a sociedade civil que possibilitem a salvaguarda permanente e o usufruto desses patrimônios culturais e ambientais.
“Além de mobilização e informação técnica e valorização desses patrimônios arqueológicos, paleontológicos, naturais, paisagísticos e arquitetônicos, com essas iniciativas o governo estadual está formando uma rede voltada à conservação e promoção do patrimônio cultural da Bahia”, explica Mendonça. O diretor do Instituto alerta ainda da urgência dos gestores municipais conhecerem melhor os patrimônios arqueológicos dos seus municípios, criarem legislações próprias de preservação e políticas públicas efetivas que aglutinem as populações locais, organizações não-governamentais e órgãos públicos lá sediados.
Com os encontros fóruns e seminários que apóia, o IPAC/SecultBA pretende fomentar a criação de instrumentos normativos para a proteção e a promoção dos bens patrimoniais, catalogar e mapear esses mananciais, para, finalmente, explorar adequadamente e com segurança ambiental o turismo nessa região. “Essas são premissas básicas para a proteção, conservação e aproveitamento sustentável desses recursos, que, em última instância, serão transformados em vetores de desenvolvimento econômico e social desses municípios”, diz o diretor do IPAC.
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