FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
Agora que Dilma Rousseff já está no exercício da presidência da República, parece delineada uma polêmica ou pelo menos uma divergência que poderá levar algum tempo para chegar a um desfecho. Trata-se da palavra que vai qualificá-la – se presidente ou presidenta.
Em princípio, estava tudo tranquilo, havia praticamente um consenso de que, sendo o cargo ocupado por homem ou mulher, a palavra seria presidente, por ser o vocábulo usual e por ser neutro, aplicando-se assim aos dois gêneros, masculino e feminino. Além disso – e apesar dos gramáticos dizerem que tanto presidente quanto presidenta são formas corretas –, talvez por não ser usual, presidenta dói nos tímpanos, pelo menos nos meus.
Durante a campanha eleitoral, no entanto, as pesquisas mostraram com insistência que a candidatura Dilma tinha melhor desempenho entre os eleitores homens do que junto às mulheres eleitoras. Os estrategistas da campanha, especialmente Lula e o setor de marketing comandado por João Santana, recomendaram a Dilma que usasse sempre o termo presidenta, um dos modos de buscar uma aproximação com o eleitorado feminino. Tanto Lula quanto a campanha passaram também a fazer isso.
Mas, ainda que adotado como parte de uma estratégia de marketing político-eleitoral, o termo presidenta continuou soando um tanto estranho. Aparentemente, até mesmo para a própria Dilma Rousseff. Sinal disso é que, mal terminara o segundo turno, talvez mesmo na primeira vez que fez declarações públicas após ser eleita, Dilma vacilou ligeiramente, deu uma paradinha de um segundo para pensar, e disse “presidente”, referindo-se a ela. A eleição passara, já podia.
Mas logo depois terá entrado novamente em cena o setor de marketing e o padrinho político Lula e nos dois discursos do dia 1º de janeiro Dilma Rousseff referiu-se sempre a ela mesma como “presidenta”, consolidando a opção por uma forma feminina da palavra, em detrimento da forma neutra. Fico pensando no caso de ela ser sucedida por um homem que também rejeite a forma neutra e, optando por uma forma ostensivamente masculina, resolva autodenominar-se de “presidento”.
Com esse novo sistema gramatical, a palavra presidente não teria mais lugar no país e seria uma vítima do marketing político.
Mas deixando considerações vernáculas de lado, até porque não sou especialista no assunto, a opção por “presidenta” é uma de diversas decisões ou atitudes bastante notórias para cortejar mentes e corações femininos e eliminar aquela resistência revelada pelas pesquisas eleitorais. Mas é claro que o jogo não para por aí. Vale lembrar que o eleitorado feminino não foi mais resistente que o masculino somente a Dilma.
Essa resistência maior que a masculina tem sido oferecida pelas mulheres também ao Partido dos Trabalhadores. Então interessa tanto à presidente Dilma – que ela desculpe a teimosia – quanto ao PT as decisões, discursos e atitudes que ressaltam e até homenageiam o lado feminino da população. Busca-se fazer do limão uma limonada.
Mas, ainda que adotado como parte de uma estratégia de marketing político-eleitoral, o termo presidenta continuou soando um tanto estranho. Aparentemente, até mesmo para a própria Dilma Rousseff. Sinal disso é que, mal terminara o segundo turno, talvez mesmo na primeira vez que fez declarações públicas após ser eleita, Dilma vacilou ligeiramente, deu uma paradinha de um segundo para pensar, e disse “presidente”, referindo-se a ela. A eleição passara, já podia.
Mas logo depois terá entrado novamente em cena o setor de marketing e o padrinho político Lula e nos dois discursos do dia 1º de janeiro Dilma Rousseff referiu-se sempre a ela mesma como “presidenta”, consolidando a opção por uma forma feminina da palavra, em detrimento da forma neutra. Fico pensando no caso de ela ser sucedida por um homem que também rejeite a forma neutra e, optando por uma forma ostensivamente masculina, resolva autodenominar-se de “presidento”.
Com esse novo sistema gramatical, a palavra presidente não teria mais lugar no país e seria uma vítima do marketing político.
Mas deixando considerações vernáculas de lado, até porque não sou especialista no assunto, a opção por “presidenta” é uma de diversas decisões ou atitudes bastante notórias para cortejar mentes e corações femininos e eliminar aquela resistência revelada pelas pesquisas eleitorais. Mas é claro que o jogo não para por aí. Vale lembrar que o eleitorado feminino não foi mais resistente que o masculino somente a Dilma.
Essa resistência maior que a masculina tem sido oferecida pelas mulheres também ao Partido dos Trabalhadores. Então interessa tanto à presidente Dilma – que ela desculpe a teimosia – quanto ao PT as decisões, discursos e atitudes que ressaltam e até homenageiam o lado feminino da população. Busca-se fazer do limão uma limonada.
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