FONTE: Roberta Cerqueira REPÓRTER, TRIBUNA D BAHIA.
"Eu odeio matemática”. Muita gente já ouviu ou falou esta frase em algum momento. O horror aos números é algo comum, mas, que pode estar associado a um transtorno chamado discalculia.
Um estudo dirigido pelo matemático Brian Butterworth, mostrou que das 1.500 crianças examinadas, de 3% a 6% apresentaram sinais do problema.
Outros estudos desenvolvidos nos Estados Unidos, Europa e Israel mostram que a prevalência da discalculia nestes países varia entre 3% e 6,5%. Apesar da frequência significativa da doença no mundo, pouca gente ouviu a falar a respeito.
Discalculia é um transtorno que atinge as habilidades matemáticas, as quais incluem ainda as aptidões linguísticas, perceptuais e de atenção. Não decorre de uma lesão cerebral, mas de disfunções neurológicas ou imaturidade das funções neurológicas.
São falhas na representação dos fatos numéricos, na execução dos procedimentos aritméticos e impossibilidade de realizar cálculos mentais, de reconhecer a relação entre os diversos conceitos e utilizá-los na resolução de situações-problema.
De acordo com o médico, psicoterapeuta e educador, Antônio Pedreira, trata-se de um problema que merece atenção, principalmente na infância, entre sete e 10 anos, quando os sinais são mais evidentes.
“Quando uma criança tem discalculia ela tem dificuldade até mesmo de distinguir números de letras e consequentemente de executar operações simples como somar e subtrair, ou seja, são pessoas com dificuldade de memória relativa a números”, destaca.
Os discalcúlicos têm inteligência normal ou superior. A aquisição da linguagem (oral, leitura, escrita) acontece muitas vezes de forma mais acelerada, e em muitos casos apresentam habilidades poéticas.
Perder objetos frequentemente e passar uma imagem de distraídos é também comum entre os portadores deste transtorno. Podem ainda apresentar dificuldades para entender ordens e planejar estratégias em jogos, de lembrar regras e fórmulas. É comum demonstrarem dificuldades em dançar porque não lembram a sequência de passos de uma dança.
Eles parecem ter medo de lidar com números, sentem-se incapazes de realizar cálculos mentalmente, demonstram dificuldades de entender o conceito e o manejo das operações e até mesmo de fixar a tabuada. Demoram mais para compreender as operações inversas como subtração e divisão.
As noções de espaço e tempo também são comprometidas e demoram de aprender a ler as horas, saber a sequência dos meses, do ano, lidar com as noções temporais de dia, mês e ano, ontem, hoje, amanhã e outras.
DIAGNOSTICANDO A DISCALCULIA.
Não é um diagnóstico fácil. Na pré-escola, já é possível notar algum sinal do distúrbio, quando a criança apresenta dificuldade em responder às relações matemáticas propostas - como igual e diferente, pequeno e grande, muito e pouco, etc.
Não é um diagnóstico fácil. Na pré-escola, já é possível notar algum sinal do distúrbio, quando a criança apresenta dificuldade em responder às relações matemáticas propostas - como igual e diferente, pequeno e grande, muito e pouco, etc.
“O diagnóstico nesta fase é complexo, pois a criança ainda não foi exposta ao processo de aprendizagem dos conceitos aritméticos, que, em geral, ocorre a partir dos sete anos, época em que os símbolos matemáticos e as operações são introduzidos e os sintomas da discalculia se evidenciam”, lembra Pedreira.
O médico destaca ainda que situações de constrangimento, em relação a esta limitação, podem desenvolver outros transtornos. “Se a criança é ridicularizada, taxada de burra pelos colegas na escola ou mesmo em casa, ela tem a sua autoestima abalada e o problema tende a ganhar uma proporção ainda maior”, diz.
O aluno discalcúlico pode adquirir o medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por desacreditar na sua capacidade. Pode também passar a apresentar problemas de conduta, tornar-se agressivo, apático ou desinteressado.
“Por isso, é importante que se tenha, o quanto antes, o diagnóstico, o qual poderá ser feito de forma multidisciplinar, incluindo avaliação psicopedagógica e neurológica e, assim, começar o tratamento adequado”, reforça.
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