FONTE: Dan Levin, em Qingdao (China) (noticias.uol.com.br).
Foi o suficiente para fazer um trio de jovens altamente tatuados parar de jogar água uns nos outros e a levar um menininho a correr assustado para sua mãe: uma mulher se erguendo das ondas do mar com a cabeça envolta em uma máscara de esqui laranja neon.
Enquanto caminhava para a areia, mais pessoas olhavam. Um homem flutuando em uma boia amarela cutucou sua companheira, que murmurou a pergunta que muitos outros deviam estar se fazendo: “Por que ela está usando aquilo?”
“Eu tenho medo de me bronzear”, disse a usuária da máscara, Yao Wenhua, 58 anos, ao sair das águas desta cidade litorânea na província de Shandong, no leste da China. Ávida em mostrar o motivo para ter sacrificado a moda em prol da função, Yao, uma motorista de ônibus aposentada, retirou o náilon de sua testa para revelar um rosto claro, sem rugas.
“Uma mulher deve sempre ter pele clara”, ela disse com orgulho. “Caso contrário, as pessoas pensarão que você é uma camponesa.”
Para legiões de mulheres chinesas de classe média - e para aquelas que aspiram suas fileiras - a proteção solar é praticamente um fetiche, completa com equipamento próprio. Esse setor em boom atende uma cultura que preza a tez pálida, como sinal tradicional da beleza feminina intocada pelas indignidades do trabalho braçal. Há até mesmo uma expressão que mulheres jovens e velhas sabem de cor: “Pele clara esconde milhares de falhas”.
Com a busca por essa estética ideal ancestral em choque com o crescente interesse por frequentar a praia e outras atividades ao ar livre, as mulheres chinesas criaram uma série de formas de conciliar os dois. Máscaras como a de Yao são particularmente populares entre os moradores locais daqui.
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